Sem a vitamina C a vida não existiria, pois o colagénio não se forma sem ela. Encontramos vitamina C em todas as células do nosso corpo, sendo extremamente importante nas zonas chave, incluindo o sangue, pele, sistema nervoso, dentes, ossos e glândulas como o timo, suprarrenais e tiroide.

A Vitamina C está classificada nas vitaminas hidrossolúveis, isto quer dizer que o nosso organismo não a armazena, ela é libertada pela urina ou exalada com o dióxido de carbono. Quando ingerida acima do nível de saturação é expelida, podendo provocar diarreia (pelo efeito osmótico da vitamina a passar no intestino) e dores abdominais.

Como a vitamina C é hidrossolúvel, sensível ao calor e ao oxigénio, durante o cozinhar dos alimentos, a que não foi destruída pelo calor fica na água da cozedura. Obtemos a vitamina C dos alimentos, ela é facilmente absorvida pelo intestino delgado para o sangue. Passa rapidamente para dentro dos tecidos das suprarenais, rim, fígado e baço.

As dietas ricas em zinco ou pectina podem diminuir a sua absorção, no entanto, pode ser aumentada por substâncias existentes nos extratos dos alimentos onde se encontram naturalmente. Quando se toma ácido ascórbico sintetizado a tendência natural do nosso organismo é expeli-lo de imediato. A atividade da vitamina C é melhorada quando tomada em conjunto com bioflavonoides [rutina (vitamina P), heparina], Vitamina E e Vitamina B2.

Os humanos são dos pouquíssimos animais (juntamente com alguns símios e o porquinho da Índia) que não produz a sua própria vitamina C. Os animais que produzem vitamina C, utilizam a glucose circulante no sangue, com quatro enzimas do fígado para a produzir. Nestes animais a vitamina C não circula sozinha no organismo, reage com minerais existentes no fígado (potássio, cálcio, manganês, magnésio, molibdénio, zinco e outros elementos) e serve de transportador destes para as células.

Fontes de vitamina C
- Citrinos
- Groselha
- Acerola
- Kiwis
- Morangos
- Uvas
- Melão
- Papaia
- Salsa
- Tomates
- Batatas
- Couve-flor
- Couve-de-bruxelas
- Brócolos
- Pimentos verdes
- Pimenta verde
- Vegetais verdes e amarelos

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Benefícios da vitamina C

A ação essencial desta vitamina foi constatada durante os descobrimentos. Os marinheiros, ao fim de algum tempo no mar, começavam com sangramento das gengivas e perda dos dentes, articulações inchadas e dolorosas, perda de apetite, entre outros sintomas e, por fim, a morte - morriam de Escorbuto. Descobriram então que ao comerem limões durante a viagem não ficavam doentes.

Estimula o sistema imunitário

De facto, a vitamina C foi apenas isolada no início do séc. XX. Até então, a sabedoria popular recomendava laranjas e limões para as constipações. A este nível, a vitamina C minimiza os sintomas e a duração da doença, permitindo um melhor bem-estar. Mas, se for tomada continuamente, estimula o sistema imunitário, aumentando a resistência às infeções.

Efeito antioxidante

Quando o sistema imunitário reage contra os invasores, a reação liberta uma grande quantidade de radicais livres, que vão agredir os tecidos circundantes. Os radicais livres são produzidos, normalmente, pelo nosso organismo, devido às reações químicas necessárias para a vida. Estes iões de oxigénio perdidos agarram-se a qualquer superfície, sem regra nenhuma, o que vai impedir o bom funcionamento bioquímico do corpo.

Somos ainda invadidos pelos radicais livres que pairam à nossa volta e agridem a pele, vias respiratórias, tubo digestivo e os olhos. O seu excesso provoca alterações importantes no ADN, levando ao envelhecimento precoce, destruição de células e formação de aberrações celulares, que podem degenerar em cancro. Substâncias como a vitamina C captam os iões perdidos, neutralizando-os e dando-lhes um destino.

Como a vitamina C é hidrossolúvel tanto pode atuar dentro como fora das células. Em sinergia com a vitamina E, os seus efeitos antioxidantes são maiores do que individualmente. A vitamina C pode ter um papel importante nos asmáticos devido ao seu efeito antioxidante nos pulmões e, porque diminui a sensibilidade à histamina. Ajuda também a prevenir as cataratas protegendo o cristalino dos radicais livres. Serve ainda de complemento ao tratamento de algumas intoxicações (chumbo, mercúrio...).

Efeito anticancerígeno
Diminui o risco de formação de alguns cancros (esófago, estômago...), segundo o Dr. Linus Pauling (prémio Nobel) em 75%, uma vez que impede a conversão dos nitratos provenientes do tabaco, poluição, carnes e alguns vegetais, em substâncias cancerígenas. Como vimos antes, protege o organismo dos radicais livres, diminuindo a probabilidade de erros nas células e estimula o sistema imunitário.

Manutenção do sistema cardiovascular

Defende-nos das doenças cardiovasculares e da arteriosclerose porque evita que o colesterol oxide e se deposite nas paredes dos vasos. Contribui ativamente para a sua diminuição e dos triglicéridos transformado-os em sais biliares. Estimula a função fibrinolitica que liberta os vasos sanguíneos das placas de ateroma (depósitos de colesterol e fibrina). Auxilia no glaucoma diminuindo a pressão intraocular, porque melhora a circulação sanguínea.

Em conjunto com as vitaminas E e B2 participa no metabolismo dos eritrócitos. Ajuda a prevenir algumas anemias, pois bloqueia a degradação da ferritina (transportador do ferro), e por outro lado facilita a absorção do ferro no intestino e a sua mobilização no organismo.

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Antisstress

Está relacionada com a atividade das suprarrenais. Essencial para a produção de adrenalina e noradrenalina (antagonista da adrenalina), contribuindo para o mecanismo de defesa do stress. Entra também na produção da serotonina, responsável pelo sono, controlo da dor e bem-estar, e intervém na síntese das hormonas esteroides suprarrenais e das catecolaminas (regula o sistema nervoso).

A sua falta provoca nervosismo, fadiga e cefaleias, perda de apetite e digestões lentas. Além de todas as perturbações que já analisámos, devidas à carência em vitamina C, ainda se verifica fraqueza muscular, atraso no crescimento, hiperqueratose folicular, secura da boca e olhos, perda de cabelo, pele seca e com prurido.

A formação do colagénio

Sem a vitamina C o colagénio não se forma. É uma das funções mais importantes visto ser um dos componentes essenciais dos tecidos conectivos (músculos, tendões, ossos, dentes, pele e epitélios). Auxilia na cicatrização de feridas e fraturas ósseas, reforça a parede dos vasos sanguíneos entrando na sua reparação e ajuda a fortalecer as paredes das células.

É essencial para dentes, gengivas e ossos. A falta de colagénio ou a sua má qualidade, vai provocar gengivas moles que sangram, queda de dentes, fragilidade capilar, hemorragias nasais, equimoses e petéquias (pontos de sangue que surgem sob a superfície da pele) e edema dos membros inferiores. As articulações ficam inchadas e dolorosas, as feridas e fraturas não saram e as cicatrizes antigas voltam a abrir. Tem também funções de coenzima e cofator, auxilia no metabolismo do ácido fólico, adequa a absorção do cálcio e permite um melhor controlo dos níveis de açúcar no sangue.

Aplicação tópica

A vitamina C aplicada sobre a pele é fotoprotectora, inibe a formação de tumores e reforça a parede dos capilares. Estimula os fibroblastos e participa na estrutura do colagénio, no seu transporte e consolidação. Capta os radicais livres e por diversas reações químicas liberta nos tecidos água e oxigénio. A vitamina C não se armazena no nosso corpo, a sua ingestão convém ser repartida ao longo de todo o dia e não apenas numa toma muito concentrada.

Deve constar da ultima refeição do dia, sendo a altura ideal para a sua aplicação na pele porque a regeneração do nosso corpo, em especial da pele ocorre durante a noite. É conveniente que todos os nutrientes estejam disponíveis para que tal suceda.

Quem deve consumir mais vitamina C

Todas as pessoas que tenham falta de aporte na alimentação devido a má absorção, por exemplo, provocada pelo sedentarismo nos idosos e consumo excessivo de bebidas alcoólicas (não há absorção de vitamina C dos alimentos).

Quando se toma determinados medicamentos como contracetivos orais, aspirinas, corticoides, antiácidos e antidepressivos. Em casos de gasto excessivo como nas gestantes, em quem esteja a amamentar, fumadores, em situações de stress ou esgotamento físico.

Bibliografia: Krause, Alimentos, Nutrição & Dietoterapia, L. Kathleen Mahan, Sylvia Escott- Stump, 9ª edição 1998; Os Nutrientes e os Complementos Alimentares - Biotop 2000; O Poder Curativo das Vitaminas e dos Minerais - Seleções do Reader's Digest 2000
Agradecimentos: Ana Luisa Gonçalves, massagista de reabilitação e esteticista

*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.*