Diversos ensaios clínicos mostram que o tratamento farmacológico é verdadeiramente eficaz no controlo da hipertensão e redução das suas complicações.

Embora os fármacos anti-hipertensores devam ser prescritos sem hesitação nos doentes com hipertensão moderada a grave (PAD >105 mmHg), já o mesmo não se passa nos casos com hipertensão arterial (HTA) ligeira.

Nestes doentes, deve-se sempre começar por fazer um período inicial de avaliação diagnóstica cuidadosa e iniciar-se um programa de medidas não farmacológicas Verifica-se em muitos casos uma descida espontânea da pressão arterial, relacionada com a habituação do doente às manobras de medição e ao médico. A instituição de medidas não farmacológicas vai trazer só por si enormes benefícios ao doente, não só em termos de descida da tensão, como também de correcção de outros factores de risco cardiovascular: obesidade, hiperlipidémia, diabetes, tabagismo, sedentarismo, erros alimentares, alcoolismo, etc.

Medidas não farmacológicas

A adopção de um estilo de vida saudável proporciona geralmente uma descida significativa da pressão arterial, que pode ser suficiente para baixar até valores tensionais normais. As vantagens que advêm de não ser, nestes casos, necessário recorrer a medicamentos (ou ser possível reduzir a sua quantidade) são por demais evidentes para necessitarem de ser enumeradas.

1. Reduzir o consumo de sal

A diminuição do consumo de sal reduz a pressão arterial em grande número dos hipertensos. Esta redução pode ser efectuada, não adicionando sal (ou reduzindo a sua quantidade) quer durante a confecção dos alimentos, quer à mesa, evitando ainda ingerir alimentos salgados.

2. Diminuir o excesso de peso

Os hipertensos com excesso de peso podem reduzir a pressão arterial através do emagrecimento. A perda de 5 Kg pode implicar uma descida da pressão arterial da ordem dos 10 mmHg na sistólica e de 5 mmHg na diastólica.

3. Reduzir o consumo do álcool

Como já vimos, o consumo excessivo de álcool pode desencadear HTA em alguns indivíduos e, pelo contrário, a sua redução pode baixar a pressão arterial, além de ajudar a reduzir o peso.

4. Exercício físico

Através de uma prática física regular pode-se reduzir significativamente a pressão arterial. O exercício escolhido deve compreender movimentos cíclicos (marcha, corrida, natação, dança). Os hipertensos devem evitar esforços como, levantar pesos, empurrar móveis pesados, que aumentam por vezes, excessivamente, a pressão arterial.

Tratamento farmacológico

Quando as medidas não farmacológicas forem insuficientes teremos de recorrer aos fármacos. No entanto, há que ter presente que os fármacos não curam a HTA, somente a controlam. Por isso, uma vez iniciado, o tratamento medicamentoso deverá ser continuado e mantido por toda a vida que ele próprio tanto ajuda a
prolongar.

Deve acrescentar-se, todavia, que o cumprimento das medidas
não farmacológicas de controlo da pressão arterial permite, seguramente,
reduzir as doses e até interromper o uso de medicamentos numa
percentagem significativa de doentes com hipertensão moderada.

Os
objectivos da terapêutica farmacológica são controlar a pressão
arterial com o menor número e dose optimizada de fármacos, embora os
fármacos antihipertensores tenham de ser frequentemente usados em
combinação. Menos medicamentos significa menos efeitos acessórios e
menos despesa para o doente. Nunca é demais salientar que, idealmente,
os fármacos deverão normalizar a pressão arterial sem provocar
quaisquer efeitos acessórios.

O objectivo da terapêutica em termos
tensionais deverá ser, pelo menos, o de obter valores iguais ou
inferiores a 140/90 mmHg, embora a pressão arterial ideal deva ser inferior a 120/80 mmHg. Um dos aspectos mais frequentemente
esquecidos é o de ser necessário controlar os factores de risco
associados, tais como a obesidade, o tabaco, o álcool, o sedentarismo,
tão frequentes nos indivíduos com hipertensão. Este aspecto é fundamental para se obter o objectivo final do tratamento da
hipertensão, que é o de prevenir a incidência das complicações
cardiovasculares causadas pela HTA.

Finalmente, não esquecer que nem todos os doentes reagem da mesma maneira aos diferentes fármacos anti-hipertensores. Um mesmo fármaco, que controla facilmente um doente,
pode causar efeitos secundários intoleráveis noutro. No entanto,
dispomos hoje em dia de um arsenal terapêutico em constante progresso
que, quando judiciosamente utilizado, permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos, sem interferir com o bem-estar do doente.

Para proteger a sua saúde, fique também informado sobre:

O que é a tensão arterial
Os riscos da hipertensão arterial
As causas da hipertensão arterial
Formas de detecção e controlo da hipertensão arterial

Texto: Prof. Manuel Carrageta , médico cardiologista e presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia


A filiação no Clube Rei Coração é livre e
destina-se a todos os que se interessam pelas doenças do foro
cardiovascular, em saber como as prevenir e melhor lidar com a sua
existência, de modo a conseguirem mais bem-estar e qualidade de vida.