Se sim, venha visitar-nos. Em poucas sessões, poderá perder o seu medo e verá que ir ao dentista não é assim tão desagradável!
O medo intenso é vivenciado como uma experiência causadora de angústia e sofrimento, mas, por outro lado, é uma emoção necessária e adaptativa, sendo mesmo crucial para a nossa sobrevivência, uma vez que é o medo que nos faz evitar perigos, dando sinal ao cérebro e este, por sua vez, ao corpo de que iremos ter que responder ao estímulo que lhe está associado, por sinal, perigoso. Essa resposta pode ser a fuga ou a luta.
Apesar da nossa capacidade de experienciar o medo ser uma função biológica inata, as nossas respostas a determinados objetos e sensações que temos, são adquiridas através da aprendizagem diária.
O desenvolvimento de respostas de medo a situações potencialmente ameaçadoras é normal, natural e adaptativo. No entanto, a aquisição destas mesmas respostas a ameaças percecionadas podem acontecer de uma forma aparentemente irracional e desproporcionada em relação à ameaça real. Esta reação resulta da perceção pessoal da situação por parte do individuo, baseada na sua experiência passada e na interpretação da situação presente.
É o que acontece na fobia dentária, que é denominada como uma fobia específica aos tratamentos dentários, habitualmente desencadeada por acontecimentos traumáticos, que tendem a ter um desenvolvimento particularmente agudo.
Uma fobia específica é caracterizada pela presença de medo acentuado e persistente, que é excessivo ou irracional, desencadeado pela presença ou antecipação de um objeto ou situação específica. A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase invariavelmente, uma resposta ansiosa imediata. A pessoa reconhece que o medo é excessivo; no entanto, não tem controlo sobre assuas reações. As situações fóbicas são evitadas com intensa ansiedade e mal-estar, interferindo significativamente com as suas rotinas normais, funcionamento ocupacional, relacionamentos, atividades sociais ou mal-estar acentuado. O evitamento é a consequência mais complicada pelo impacto que tem na vida das pessoas e na sua liberdade individual.
Os primeiros sintomas de Fobia Específica ocorrem habitualmente na infância ou no inicio da adolescência, podendo ocorrer mais cedo nas mulheres do que nos homens.
A fobia é acompanhada por pensamentos catastróficos ou de incompetência pessoal, aumento do estado de vigília, tensão muscular, palpitações cardíacas, tremor, inquietação, assim como uma variedade de desconfortos somáticos, decorrentes da hiperatividade do sistema nervoso autónomo.
Estudos internacionais apontam para uma prevalência de 5 a 15% de ansiedade dentaria elevada. Alguns estudos afirmam que 6% da população mundial evita a consulta de medicina dentária, recorrendo a tratamentos apenas após o aparecimento de sintomas, resultando estes comportamentos numa severa deterioração da saúde oral do paciente fóbico.
- Como é que a Psicologia pode ajudar?
EMDR para fobias
EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) foi desenvolvido por Francine Shapiro em 1989. É um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas, através da estimulação bilateral do cérebro (ocular, auditiva ou por toque), que promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais.
Quando surge uma situação traumática, pode ficar bloqueada no sistema nervoso com a recordação original, com os sons, os pensamentos, as emoções do passado e as sensações físicas. A terapia EMDR ajuda a desbloquear o sistema nervoso permitindo que o cérebro processe a experiência traumática. É um processo semelhante ao que se passa quando sonhamos na chamada fase REM do sono, durante a qual movimentos oculares rápidos facilitam o processamento do material inconsciente.
O EMDR tem sido indicado, nos últimos anos, como tratamento para alguns problemas de ansiedade, incluindo perturbação pós-traumática de stresse e várias fobias. Muitos casos têm demonstrado a sua eficácia, em apenas duas ou três sessões, no tratamento de fobias específicas com componente traumática. A vantagem desta técnica sobre a clássica Terapia Cognitivo Comportamental é a rapidez da sua ação e menor número de sessões envolvidas.
O método EMDR é baseado na imaginação do estimulo fóbico ou exposição a este mesmo estimulo, acompanhado de movimentos oculares ou outros estímulos bilaterais, tendo uma forte componente cognitiva. Encoraja o paciente a focar-se nas suas sensações físicas e a imaginar a situação traumática.
Esta abordagem permite que a pessoa identifique e separe as sensações afetivas do trauma das suas interpretações cognitivas.
Catarina de Castro Lopes
Directora do Departamento de Psicologia WHITE
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