A ejaculação prematura é uma disfunção sexual que afecta um em cada quatro homens. É caracterizada pela ejaculação antes da erecção (ou cerca de um minuto após) e da consequente penetração vaginal.

Pode acontecer em quase todas as situações em que há uma relação sexual, comprometendo assim a satisfação do casal.

Actualmente, existem diversos tratamentos que permitem resolver este problema, que deve ser tratado sem medos nem vergonhas, sabendo de antemão que o papel da mulher é essencial em todo o processo.

A origem

Embora nem sempre seja fácil determinar as causas da ejaculação prematura, sabe-se que, normalmente, resulta de uma combinação de factores tanto físicos como psicológicos.

Segundo estudos recentes, a serotonina, um neurotransmissor responsável pelo envio de sinais nervosos de uma célula cerebral para outra, pode ter um papel central na determinação do momento da ejaculação.

Nuno Monteiro Pereira, urologista, salienta que «outros factores, como maior ansiedade de desempenho, pouca experiência sexual, falta de química entre o casal, memórias de outras experiências negativas e disfunção eréctil coexistente» podem também contribuir para esta disfunção. Os picos de stress pontuais são outra causa frequente apontada.

Primária e secundária

Ao contrário do que pensa, a ejaculação prematura não afecta uma faixa etária específica. De facto, esta disfunção pode atingir a pessoa desde a sua primeira relação sexual (ejaculação prematura primária) ou desenvolver-se mais tarde, em quem teve uma vida sexual até então sem perturbações (ejaculação prematura secundária/adquirida).

Para Jorge Rocha Mendes, urologista, «a primária é mais preocupante e requer uma abordagem de personalidade. Já a secundária, surge habitualmente associada a situações particulares, momentos de grande ansiedade e tem um tratamento mais simples, sem recurso a consultas de sexologia».

Nuno Monteiro Pereira explica que «na ejaculação prematura primária, por volta dos 14 anos, as causas podem estar relacionadas com educação sexual insuficiente ou iniciação sexual com elevados níveis de ansiedade».

O diagnóstico

A ejaculação prematura ocorre com o mínimo de estímulo. Quando é percepcionada, de forma repetida e continuada, revela que a pessoa deve procurar ajuda especializada.

A dificuldade de expressão, a falta de consciencialização e o tabu existente em torno da situação, leva a que muitos homens consultem um médico apenas depois de várias tentativas erradas para resolver o problema.

No consultório, uma vez confirmada a disfunção, deve ser efectuado um exame clínico completo para avaliar se há patologias associadas, particularmente disfunção endócrina, doença cardiovascular ou eventuais problemas na próstata.

Em seguida, de acordo com o estilo de vida de cada um e a gravidade do caso, o especialista indica o tratamento mais adequado que pode variar entre terapêuticas comportamentais, tratamentos tópicos e/ou medicamentos.

Terapias comportamentais

Orientados por um terapeuta sexual, os tratamentos comportamentais visam ensinar a pessoa a controlar a ejaculação. O objectivo passa por ajudá-la a reconhecer os sinais premonitórios à ejaculação e trabalhar o autocontrolo.

São consultas com exercícios práticos, realizadas durante quatro a cinco semanas, onde o casal participa e «deve estar 100 por cento à vontade e disponível», refere Nuno Monteiro Pereira.

Rui Xavier Vieira, psiquiatra, aponta as técnicas mais comuns: «Stop-start e squeeze, cujo princípio é ensinar a estar atento aos sinais do ponto de não regresso», isto é, estimular o pénis até pouco antes do momento da ejaculação e parar a estimulação até que a excitação diminua ou apertar a base da glande imediatamente antes do ponto de ejaculação.

Podem ainda ser usados cremes e sprays de efeito anestésico, «mas nem sempre são os mais indicados porque reduzem a sensibilidade tanto no homem como na mulher», diz o psiquiatra.

Outros tratamentos

O aconselhamento psicológico pode ajudar a pessoa a controlar os níveis de ansiedade. São consultas com uma vertente educacional, em que se pretende «mudar as expectativas do homem e da mulher em relação ao desempenho, reoxigenar o relacionamento do casal, incentivar o aumento de intimidade e comunicação a dois e que, nalguns casos, é necessário recorrer à terapia de casal», explica Rui Xavier Vieira.

A nível farmacológico, há várias abordagens. Recentemente, surgiu um tratamento com Dapoxetina, um composto da família dos inibidores de serotonina, considerado o primeiro medicamento específico para a ejaculação prematura.

«Antes da toma, deve ser feita uma terapia geral para estudar a pessoa em termos sexuais. É tomado só quando necessário, nunca mais de uma vez por dia, e tem acção imediata», salienta o psiquiatra.

O papel da mulher

Para além dos problemas que causa no homem, a ejaculação prematura pode ter um impacto negativo no casal e na satisfação feminina. A mulher tem um papel importante no tratamento da disfunção. «Sem ela, os resultados vão ser mais difíceis de atingir», refere Nuno Monteiro Pereira.

O urologista destaca ainda situações em que a mulher influencia negativamente o parceiro: «Quando censura de forma explícita ou silenciosa ou não se dispõe a colaborar no tratamento.

O seu papel deve passar pela compreensão, incentivar a procura de ajuda, conversar sem vergonhas sobre o assunto e, principalmente, colaborar no tratamento».

Na terapia comportamental, os resultados são mais eficazes se o homem contar com o apoio da parceira.

Para saber mais clique em:

www.spandrologia.pt
www.maistempoparamar.com
www.ejaculacaoprematura.com.pt

Texto: Mariana Correia de Barros com Nuno Monteiro Pereira e Jorge Rocha Mendes (urologistas) e Rui Xavier Vieira (psiquiatra)