Não se deixe iludir pelo contrário. Na maturidade, é perfeitamente possível (e desejável) manter uma atividade amorosa plena e satisfatória. Siga estes conselhos e retire o máximo proveito e prazer da sensualidade adulta, que pode ser tão ou mais emocionante e romântica do que a da juventude.
As mais recentes investigações afirmam que, embora o sexo se desfrute e pratique ao longo da toda a vida, é, muitas vezes, na vida adulta que se cultiva o chamado sexo de qualidade.
E embora, segundo o psiquiatra José Salgado, a maturidade possa ser, por vezes, um período de grandes rupturas e desilusões, há, por outro lado, alguns aliados do prazer a dois que, com o passar dos anos, podem ficar mais fortes, nomeadamente com mais experiência, conhecimento do próprio corpo e do corpo alheio, maior à-vontade para falar sobre sexo, e mais tempo disponível.
Para além disso, a medicina atual tem encontrado formas eficazes de contornar as limitações orgânicas e psicológicas causadas pelo declínio hormonal que ocorre a partir dos 50 anos, tanto em homens como em mulheres, desenvolvendo tratamentos capazes de combater os constrangimentos sexuais daí decorrentes (disfunção eréctil, secura vaginal, entre outros problemas).
A melhor etapa sexual da mulher
A associação entre sexo e reprodução desaparece, a mulher descobre novos espaços e desfruta a sua vida sexual com maior liberdade do que na juventude. Apesar da sua capacidade reprodutiva reduzir ou desaparecer, pode desfrutar mais despreocupadamente da sua atividade sexual, devido à tranquilidade que o fim do risco de engravidar proporciona.
Ao ver-se livre dos métodos anticonceptivos que lhe causavam alguns incómodos ou lhe retiravam prazer, a sua capacidade de desfrutar aumenta, já que a sensibilidade e gozo sexual não diminuem com a queda da produção de estrogénios.
Tem à sua frente um panorama sexual feliz e duradouro, já que o aumento da expectativa e qualidade de vida lhe auguram uma sexualidade plena até ao final da sua existência, podendo desfrutar ainda de muitas luas de mel.
Muitas das variáveis que influenciam a vida sexual.
É o caso do stress, do trabalho, dos filhos ou do tempo disponível, deixam ser um obstáculo na maturidade. Dispondo de mais tempo livre, descobre novos espaços e momentos para a sua realização pessoal e erótica. A menopausa em si mesma não incide sobre o desejo e gozo sexuais.
Os grandes inimigos da sexualidade, nesta fase da vida, são, para além dos problemas relacionados com a saúde ou a rotina, nomeadamente álcool, obesidade, tabaco, hipertensão e sedentarismo. É muito provável que a sua vida sexual melhore se o companheiro tiver uma idade próxima da sua, porque as mudanças que ocorrem no homem reduzem o impulso sexual urgente fazendo com que dedique, de forma natural, muito mais tempo às carícias, prolongando os preliminares.
O homem pode tornar-se melhor amante
Embora a sua resposta sexual não seja tão imediata, encontra novas formas de explorar não só a sua própria sensualidade como a da sua companheira. Apesar da frequência das relações sexuais diminuir, à medida que a idade avança estas podem, contudo, ir ganhando qualidade. O homem conhece cada vez melhor as suas zonas erógenas e a experiência confere-lhe uma habilidade que compensa a diminuição do ímpeto juvenil.
Durante a juventude, o homem tem maior potência sexual, capacidades físicas e facilidade em conseguir uma erecção mas, em contrapartida, tem menos experiência e menor conhecimento do seu próprio corpo e do da companheira.
Com o amadurecimento, normalmente, dedica mais tempo à relação sexual, adiando o orgasmo ou encontrando novas posições sexuais com mais serenidade, graças ao maior entendimento não só da sua própria sensualidade como da sua companheira.
Nesta idade, os homens tendem a concentrar-se mais na qualidade dos seus encontros do que na sua frequência.
Têm uma visão mais completa da vida sexual e sabem comunicar melhor os afectos, desfrutando de uma sexualidade mais plena. As mudanças causadas pela idade podem ser solucionadas com aprendizagem e adaptação.
Se, aos 50 anos, precisa de um maior estímulo, basta dedicar-lhe mais tempo para obter a resposta sexual, que não desaparece com o passar dos anos. Os medicamentos, hormonas e tratamentos para aumentar a potência masculina são cada vez mais utilizados, aumentando a frequência e satisfação das relações sexuais.
O sexo é necessário
O sexo é uma atividade, com inúmeros benefícios para a saúde física e psicológica. De acordo com um dos mais credíveis estudos que relacionam a saúde à frequência sexual, desenvolvido pela Queens University, em Belfast, em 1997, os homens que reportaram o maior número de orgasmos tinham uma taxa de mortalidade 50% inferior à dos restantes.
Num estudo subsequente, averiguaram ainda que, fazendo sexo três ou mais vezes por semana, os homens reduziam para metade o risco de ataque cardíaco.
Por outro lado, na mulher pós-menopaúsica, o sexo melhora a circulação, o metabolismo e funciona como um antidepressivo natural (aumenta o nível de endorfina no organismo, um neurotransmissor associado ao prazer e à criatividade).
Para além disso, o contacto íntimo mantém os sentidos alerta, o que beneficia funções cerebrais como a memória e a capacidade cognitiva. Siga os nossos conselhos e não desperdice estes benefícios:
Reavive a chama
Para um casal que sofre o desgaste inevitável depois de muitos anos de relacionamento, a americana Gail Sheehy, autora de um best-seller sobre sexo na maturidade (não editado em Portugal) recomenda e aconselha a fazer alguma coisa perigosa juntos, uma vez que a ajuda mútua numa situação de risco exacerba as emoções. Tirar umas férias a dois depois dos filhos saírem de casa e organizar uma noite devotada ao outro regularmente são outras das sugestões.
Não à abstinência
Os homens com problemas de ereção devem consultar um médico, pois, na maior parte dos casos, trata-se de um problema que pode ser solucionado. No caso das mulheres que, após a menopausa, sofrem de atrofia vaginal devido à redução do nível de estrogénios, é importante que não se acomodem a essa situação, que pode e deve ser contornada com cuidados específicos ou ajuda médica (como a utilização regular de uma pomada vaginal de estrogénio).
O outro lado do sexo
Não reduza a sexualidade à área genital. Os abraços e a troca de carícias ajudam a regulam a ocitocina, uma hormona que estimula a manutenção dos vínculos amorosos.
Aposte na autoestima
Em particular no caso da mulher, após a menopausa (um período de grandes transformação físicas e psicológicas) é fundamental preservar a saúde física, cuidar da aparência e manter o convívio social, de forma a reforçar a autoconfiança e, por conseguinte, continuar a sentir-se sexualmente atraente.
Texto: Fernanda Soares
Revisão científica: Dr. José Salgado (sexologista e diretor do departamento de Psiquiatria do Hospital Distrital de Santarém)
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