Perceber esta perturbação pode ajudá-lo(a) a ser mais compreensivo(a) e a conseguir lidar com as situações difíceis que surgem na relação de casal. Com este artigo pretendemos ajudá-lo a lidar com estas dificuldades.
É possível um relacionamento amoroso saudável?
Se ama e quer partilhar a vida com alguém com perturbação borderline, deve saber que é possível ter um relacionamento amoroso saudável, embora a relação de casal apresente um conjunto de desafios únicos.
É importante perceber que a pessoa que sofre de transtorno de personalidade borderline é emocionalmente instável, muitas vezes impulsiva, e o seu medo do abandono pode levá-la a criticar e a culpabilizar o outro, tornando as relações muito difíceis, o que traz sofrimento para a pessoa e para quem é próximo. Assim, é provável que se questione sobre o que fazer, o que não fazer, como ajudar o(a) outro(a) e ajudar-se a si próprio.
Como ajudar?
Não há receitas mágicas que servem para todo(a)s, mas há estratégias, formas de agir e comunicar que podem evitar ou diminuir os conflitos e as crises. Antes de mais não se culpabilize, nem pense que é a causa da perturbação ou que pode curá-la. Depois procure saber o que pode fazer, dentro das suas possibilidades e do seu papel de companheiro(a).
Comece por adquirir conhecimento para identificar esta perturbação e conseguir compreender a pessoa que a tem. Procure informar-se e saber o máximo possível sobre o que é o transtorno de personalidade borderline para conseguir compreender o nível de perturbação emocional que a pessoa que ama experimenta. Com este conhecimento é mais fácil responder de forma empática, não invalidando os seus sentimentos e evitar uma reação violenta e “tempestades” emocionais. Por isso, partilho alguma informação sobre o transtorno de personalidade borderline.
O que é o transtorno de personalidade borderline?
Trata-se de uma patologia mental, que pertence à categoria dos distúrbios de personalidade, caraterizada por um padrão contínuo de instabilidade emocional, que afeta o humor, as relações interpessoais, a autoimagem e os comportamentos.
Ao contrário de outras patologias mentais, como a depressão ou a ansiedade, as pessoas com transtorno de personalidade têm dificuldade em perceber que as suas emoções e reações se afastam da experiência humana típica. Acresce o facto dos sintomas apenas se manifestarem no contexto dos relacionamentos, o que torna mais difícil identificar a perturbação. É ainda importante referir que a sua sintomatologia é aparentemente semelhante à perturbação bipolar. Por isso é difícil o diagnóstico e somente um profissional de saúde mental o pode fazer.
A importância de procurar ajuda profissional
Para conseguir ter uma relação saudável e ajudar alguém com transtorno de personalidade borderline, em primeiro lugar tem de cuidar de si próprio(a). Ter uma relação com uma pessoa com esta perturbação pode ser desgastante e gerar muito stress e ansiedade, sendo que também não é fácil manter a autoestima tendo ao lado uma pessoa que num momento diz que o(a) ama e no outro que o(a) odeia. Por isso dê prioridade a cuidar de si próprio(a), procure suporte emocional e formas de lidar com o stress.
Incentive o seu companheiro(a) a procurar ajuda profissional. O primeiro desafio para o tratamento desta patologia é a pessoa reconhecer a necessidade de ajuda profissional, procurá-la e aceitá-la. Se o seu(sua) companheiro(a) percebe que precisa de ajuda e que precisa mudar, a possibilidade de recuperação é maior. Se não percebe, ajude-o(a), sem confrontos, a este autoconhecimento. O ideal seria conseguir fazer com que o conclua sozinho(a), o que pode não ser fácil. Uma sugestão é usar meios de comunicação, como artigos online ou filmes que o(a) levem a concluir que tem esta patologia.
O desafio seguinte para a recuperação é a pessoa manter a estabilidade do tratamento, sendo que este pode ocorrer por diversas vertentes, tais como psicoterapia, medicação e hábitos de vida saudável.
Silvia Felizardo / Psicóloga Clínica
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