Quando não se consegue perceber qual o limite para o consumo de álcool e se cai no erro de abusar, há que acompanhar de perto para tratar devidamente. A bebida faz parte do contexto social e é perfeitamente satisfatória quando não se torna preocupante e exagerada. Conheça os sinais de alerta que indicam quando determinada pessoa está dependente do álcool.

Para conduzir, todos necessitamos de ter as capacidades intactas. Caso opte por consumir álcool durante festas, jantares ou locais de convívio, deixe a condução para quem não bebe ou apanhe um táxi. “Nunca aceite boleia de alguém que tenha bebido ou ofereça bebidas alcoólicas a quem vá conduzir”, indica a Dr.ª Sílvia Victor, psicóloga clínica. Eis a alternativa mais importante e segura para evitar perigos desnecessários. “As bebidas alcoólicas em excesso podem induzir um estado inicial de desinibição, euforia e a falsa segurança em si próprio”, acrescenta a especialista. 

A transição de beber moderadamente a beber problematicamente implica “passar de uma fase em que a ingestão de álcool se encontra numa dimensão social normal para uma situação de carácter patológico. Esta transição ocorre de forma lenta, tendo uma interface que, em geral, pode levar vários anos. Nesta fase, torna-se essencial que a pessoa procure ajuda de forma a conseguir tratar-se da doença grave que contraiu e do processo auto-destrutivo em que se encontra”, indica Sílvia Victor.

Como saber se o consumo é meramente social ou se se está a transformar numa clara dependência? Existem sinais de alerta, como por exemplo, “beber sozinho, diariamente ou frequentemente, ficar alcoolizado em todas as festas que frequenta, colocar o álcool como prioridade dos seus interesses, sentir-se incapaz de parar ou reduzir o consumo de álcool”, salienta a psicóloga clínica. Os episódios de violência associado ao consumo, ficar irritado quando confrontado sobre a bebida e frequentar restaurantes/cafés secretamente estão entre outros dos sinais de alerta mais comuns.

Factores que predispõem ao consumo excessivo

Existem estudos que apontam a hereditariedade “como uma forte causa do alcoolismo, isto é, filhos de pais alcoólatras apresentam maior probabilidade de poder vir a sofrer do mesmo vício”. As doenças mentais, como a depressão, a perturbação de pânico, a fobia social, o transtorno de personalidade, entre outros, “são frequentemente associadas ao processo de alcoolismo”, diz-nos a psicóloga clínica.

Podem referir-se factores de personalidade traduzidos em traços comuns dos dependentes de álcool, como por exemplo, “a dependência, hostilidade, egocentrismo e tendência auto-agressiva”. Sabe-se também que o álcool é muito estimulado em sociedade. “Em alguns grupos, beber pode ser um factor determinante para ser aceite ou não. Alguns encontram também no álcool a resposta para alegrias e problemas. Todas estas situações podem levar indivíduos ao abuso e, consequentemente, à dependência do álcool”, reforça Sílvia Victor.

Como tratar?

Actualmente, existem diversas formas eficazes para tratar o alcoolismo. “O método mais simples, para casos mais leves, é a realização de consultas de psicologia com um profissional experiente, onde se tentará discutir as dificuldades de abandonar o vício e encorajar os esforços”, aconselha a psicóloga clínica Sílvia Victor. Outro dos métodos eficazes é o recurso a grupos de auto-ajuda, particularmente “os Alcoólicos Anónimos (método baseado em 12 passos para se deixar de beber, além de reuniões frequentes).

Os casos mais graves deverão ser encaminhados para um acompanhamento psicoterapêutico (a terapia cognitivo-comportamental evidencia excelentes resultados no tratamento do alcoolismo) e farmacológico”, acrescenta a especialista. Há que analisar adequadamente cada caso. “Como psicóloga clínica, cabe-me avaliar o grau da dependência e perceber qual será o tratamento adequado à pessoa que está à minha frente”, conclui.

Texto: Cláudia Pinto

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