Lesões vermelhas, espessas e descamativas na pele. Assim se caracterizam as marcas da psoríase, uma doença crónica que afeta, em média, cerca de 250.000 portugueses. Esta patologia ataca, inicialmente, os cotovelos, os joelhos, o couro cabeludo e as costas, podendo vir, depois, a espalhar-se por todo o corpo. A psoríase não tem cura, exige vigilância e não é contagiosa, existindo tratamentos que ajudam a atenuar os surtos.
É fundamental ir a uma consulta de dermatologia logo quando surgem os primeiros sinais de alerta, aconselham os especialistas. Os mais comuns são, habitualmente, uma descamação severa e/ou inflamação e ardor no couro cabeludo, nos joelhos e nos cotovelos, a par do surgimento da doença em mais de 10% do corpo e/ou do seu aparecimento na cara mãos e nas unhas, mais comuns em períodos de maior nervosismo, ansiedade e stresse.
A origem da patologia
Existem diversos tipos de psoríase, sendo a sua forma mais comum "a psoríase em placas, também apelidada de vulgar, com manchas vermelhas e escamas que se vão soltando", explicou em declarações à edição impressa da Prevenir João Cunha, membro da Associação Portuguesa da Psoríase. Esta doença tem uma base genética e, por vezes, hereditária que interage com factores desencadeantes de surtos.
Segundo Paulo Jorge Ferreira, dermatologista habituado a lidar com pessoas com este problema, estes "podem estar relacionados com fases de maior stresse, infeções, traumatismos físicos e químicos, tabaco, alterações hormonais, diabetes ou gravidez". "Existem também fármacos, como alguns antidepressivos e anti-hipertensores, que podem agravar a doença", adverte ainda o especialista.
Os efeitos que mais apoquentam
A psoríase pode causar inflamações em vários órgãos e tecidos. Nas pessoas com esta doença, há habitualmente um aumento da síndrome metabólica, "situações relacionadas com alterações do metabolismo dos lípidos e hidratos de carbono e com obesidade, eventual diabetes e inflamação das paredes das artérias", conta o dermatologista. Estes quadros favorecem a ateroesclerose, adverte ainda o especialista.
Além disso, podem levar a um enfarte do miocárdio, a doença cerebral vascular e a doença arterial periférica. "A associação entre o enfarte do miocárdio é mais provável quanto mais grave for a psoríase", acrescenta o especialista, segundo o qual esta doença "pode afetar a autoestima, provocar o embaraço social e, em último caso, o isolamento. A taxa de suicídio associada à psoríase é bastante elevada", garante.
Os tratamentos que os especialistas recomendam
Existem tratamentos tópicos, com pomadas e loções, "que se aplicam sobretudo quando a doença é pouco grave e extensa", refere Paulo Jorge Ferreira. "Quando esta atinge mais de 10% do corpo, recorrem-se a tratamentos sistémicos mantendo-se, na maioria dos casos, o acompanhamento dos tópicos e hidratação da pele", explica ainda o dermatologista. Neste grupo, incluem-se a fototerapia, tratamento feito através de raios ultravioletas.
A terapêutica inclui ainda medicamentos como a ciclosporina e o metotrexato e retinoides de toma oral. Existem também fármacos biológicos, administrados através de injecções ou de forma intravenosa, que ajudam a manter a pele estabilizada e a evitar grandes surtos. Entre estes, inclui-se um fármaco (Infliximab) que comprovou promover a limpeza completa da pele (em 60% dos casos) e das unhas (em 45% das situações).
3 situações em que deve, de imediato, consultar um dermatologista:
1. Em caso de descamação severa no couro cabeludo, nos joelhos e nos cotovelos.
2. Se sentir inflamação e ardor nessas zonas.
3. Sempre que a doença aparecer em mais de 10% da área corporal e/ou atingir a cara, as mãos e as unhas.
Texto: Mariana Correia de Barros com João Cunha (membro da Associação Portuguesa de Psoríase) e Paulo Jorge Ferreira (dermatologista)
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