Quando se fala de saúde, não se pode deixar de falar de alimentação. Escolher os ingredientes certos é o primeiro passo para se manter afastada de muitas das doenças que mais vítimas fazem na atualidade, como é o caso do cancro.
O Istituto Nazionale dei Tumori di Milano, cujos investigadores estudam a relação entre alimentação e cancro desde 2006, publicou recentemente um livro, «Prevenire i tumori mangiando com gusto».
Este livro, ainda não editado em Portugal, comprova que uma alimentação saudável não tem de ser sinónimo de refeições pouco variadas e sem sabor. A saber viver conversou com Anna Villarini, especialista em ciências da nutrição e autora da obra, em conjunto com o chef Giovanni Allegro, que tem acompanhado de perto todos os estudos e traduzido em receitas as indicações dos investigadores.
Proteção anticancro
«Os nossos estudos revelam que mais de um terço dos tumores não existiriam se seguíssemos uma alimentação variada e se fizéssemos 30 minutos de caminhada todos os dias», afirma a nutricionista do Istituto Nazionale dei Tumori di Milano. E isto é válido para todos os tipos de tumor, «embora para alguns a proteção seja mais alta como é o caso do cancro do cólon», realça.
Para adotar uma dieta anticancro, o ponto de partida «é voltar a comer da forma mais natural possível», defende Anna Villarini. Por um lado, «comer mais cereais integrais, legumes, verdura, fruta e peixe, por outro evitar os alimentos muito refinados e ricos em gordura como os doces industriais, bolachas, bebidas açucaradas que bebemos como se fosse água e diminuir a quantidade de queijo ingerida», explica a nutricionista.
Diversidade acima de tudo
Sozinho nenhum alimento faz milagres. «A alimentação deve ser diversificada, mas há alimentos que devem integrar o menu diário de cada pessoa», alerta Anna Villarini.
Um exemplo disso são os cereais integrais e os vegetais. «As crucíferas, como a couve e a couve-flor, são excelentes pois têm substâncias anticancerígenas e o mesmo acontece com especiarias, como o açafrão-da-índia e o gengibre», aconselha a nutricionista. Anna Villarini não gosta de falar em alimentos proibidos, prefere dizer que alguns devem ser consumidos com parcimónia.
Esta especialista dá o exemplo dos enchidos, que contêm substâncias cancerígenas, do leite e das bebidas açucaradas. «Estes deveriam ser ingeridos apenas uma vez por mês, enquanto a carne e os queijos uma vez por semana. Devemos também diminuir o consumo dos já referidos doces industriais, alimentos feitos com farinhas muito refinadas ou ricos em açúcar que aumentam a glicemia e, consequentemente, os níveis de insulina, levando o organismo a uma forma pré-patológica que se chama síndrome metabólica», explica.
Substituir alimentos
A especialista em nutrição aconselha a substituir o leite de vaca pelo de soja, o café pelo chá verde e a substituir o açúcar por frutos secos. As passas são uma boa opção, uma vez que são saciantes. O álcool também deve ser evitado ao máximo.
Esta dieta começa no supermercado e nas lojas, por isso quando for às compras, «leia muito bem os rótulos e observe se os alimentos contêm gorduras saturadas, açúcar, farinhas refinadas ou ingredientes com nomes estranhos, como moléculas químicas. Se estes ingredientes estiverem presentes é melhor não comprar», diz.
Quanto à forma de cozinhar, podem ser usados todos os métodos, no entanto, é melhor evitar os fritos e não grelhar demasiado a carne que, queimada, ganha substâncias cancerígenas. Para além dos cuidados à mesa, Anna Villarini refere ainda a importância de nos mantermos fisicamente ativos todos os dias e controlar o peso e o índice de massa corporal.
O que comer se está a fazer quimioterapia
- Para reduzir as náuseas beba um chá de kuzu (um amido utilizado na cozinha oriental) e umeboshi (uma ameixa salgada japonesa). Encontra estes produtos em lojas especializadas.
- No dia da quimioterapia ingira um creme de arroz integral, é um forte anti-inflamatório.
- Para favorecer a digestão e o aporte de proteínas, coma no início das refeições uma sopa de miso (pasta de cereais fermentados).
- Em vez de água, pode beber chá branco tépido e chá verde, uma vez que este tipo de chás têm uma forte ação desintoxicante e depurativa. No entanto, prefira os que têm menor quantidade de teína.
Texto: Rita Caetano com Anna Villarini (nutricionista)
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