Como a população está a envelhecer provavelmente esta percentagem também irá aumentar. As mulheres em maior risco são as mulheres em fase ativa da sua vida, portanto entre os 45 e os 65 anos.
Mais de 60 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofrem de incontinência urinária. Estudos realizados na população portuguesa apontam para a existência de 600 mil incontinentes nos diferentes segmentos etários. Pensa-se que apenas 10% da população procura ajuda para este problema.
Existem dois tipos de Incontinência Urinária mais frequentes. A IU de Esforço, que ocorre em circunstâncias de algum tipo de esforço, como tossir, espirrar, correr, saltar, rir, levantar pesos e a Incontinência Urinária de Urgência ou por Imperiosidade que resulta da vontade súbita, inadiável e muitas vezes incontrolável de urinar.
Podemos ter, na mesma doente, sintomas comuns aos dois tipos de IU acima referidos e assim descrevemos este tipo de IU como IU Mista. Particularmente o quadro de Urgência ou Imperiosidade pode atingir proporções dramáticas na medida em que condiciona a vida das doentes vivem em função de uma casa de banho por perto
Embora a Incontinência Urinária de Esforço possa ser mais prevalente nas mulheres que tiveram partos vaginais, a própria gravidez, por alterações hormonais e pela ação do útero gravídico sobre os mecanismos de suporte da bexiga, pode ser responsável pelo aparecimento desse tipo de patologia.
No entanto convém saber que a Cesariana está associada a outro tipo de Incontinência Urinária – a de Urgência. Estando também relacionada com outros sintomas inerentes às alterações da enervação da bexiga, que sofreu danos durante a cirurgia – noctúria (acordar com vontade de urinar várias vezes por noite), que tem efeitos muito prejudiciais na qualidade do sono destas mulheres e no descanso necessário para um dia de trabalho, aumento da frequência urinária (necessidade de ir mais do que oito vezes por dia à casa de banho), o que pode prejudicar o relacionamento em determinados postos laborais.
Outros fatores que podem contribuir para o aparecimento desta patologia são: a obesidade, a tosse crónica, carregar pesos, prisão de ventre, menopausa, prévia histerectomia (remoção cirúrgica do útero) e fatores genéticos inerentes
A incontinência urinária, quando não tratada, pode ser fator de isolamento, de baixa autoestima que em último caso leva a síndromes depressivos. E se vemos que nos estratos mais jovens e nas mulheres trabalhadoras existe um maior à vontade para referirem o seu problema ao seu médico, ainda existem muitas – a grande parte - que esconde ou que vive sozinha o problema porque o considera inevitável, tendo com exemplo as mulheres da família de gerações anteriores, que também se queixavam do mesmo problema.
Aceitam como natural e dependente do envelhecimento, o que não é. São mulheres que deixam de conviver até com a própria família, de executar as suas tarefas diárias, que deixam de participar nos eventos sociais ou familiares, por medo de perderem urina e mesmo com dispositivos de contenção (pensos) cheirarem mal. Não podemos também ignorar o facto de este problema poder interferir com o relacionamento do casal. Concluindo, é um problema que pode afetar os aspetos sociais, afetivos, laborais e económicos da mulher com este problema
O tratamento cirúrgico está reservado para as mulheres com IU de Esforço ou com IU Mista com componente de esforço mais exuberante. O tratamento cirúrgico mais utilizado na incontinência de esforço consiste na colocação de pequenas redes, de material sintético, sob a uretra. Estas são colocadas por via vaginal, através de uma pequena incisão com cerca de um centímetro.
Trata-se de uma cirurgia minimamente invasiva, que demora em média de 10 a 20 minutos, com rápido regresso à vida profissional e com taxas de sucesso superiores a 90 %. Quando efetuada em ambulatório pode ser ainda menos invasiva com a mais-valia da mulher entrar e sair do hospital no mesmo dia, já com a sua situação resolvida, sem baixarmos as taxas de sucesso. Claro que nem toda a mulher é elegível para tratamento da IU em ambulatório. Estas doentes precisam de ser muito bem selecionadas para o êxito do procedimento e a minimização dos riscos.
Por Rosa Zulmira, Médica Ginecologista
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