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Entrevista com Luís Mendonça, presidente do Banco Farmacêutico
A V Jornada de Recolha de Medicamentos foi ao encontro das expetativas do Banco Farmacêutico, apesar do número de doações ter sido inferior à edição anterior.
Este evento, que decorreu no dia 16 de fevereiro, contou com um maior número de voluntários. Em relação a este aumento, Luís Mendonça, presidente do Banco Farmacêutico, disse em entrevista ao HdF que “atesta que a generosidade caraterística dos portugueses, independentemente dos moldes, não esmoreceu”.
HdF: Os resultados da V Jornada de Recolha de Medicamentos superaram as expectativas do Banco Farmacêutico pela positiva ou pela negativa?
Luís Mendonça: Apesar do número de medicamentos recolhidos ter sido ligeiramente inferior ao do ano passado, é de salientar o aumento do número de voluntários envolvidos e de instituições apoiadas. E, nessa medida, os resultados da V Jornada de Recolha de Medicamentos estão de acordo com as nossas expetativas.
HdF: Foram doados 9 mil produtos. Qual o tipo de produto mais doado?
LM: Todos os medicamentos doados são sempre não sujeitos a receita médica ou produtos de saúde de venda livre, novos, adquiridos nesse dia nas farmácias aderentes. Importa ainda referir que o tipo de medicamento doado está muito dependente das necessidades manifestadas pelas instituições: lares de idosos têm necessidades distintas de casas de crianças ou de instituições de apoio aos sem-abrigo.
HdF: Foram doados menos produtos relativamente à edição anterior. A que pensa que se deve?
LM: Creio que o número de doações reflete as dificuldades que os portugueses estão a viver e a incerteza em relação ao futuro.
HdF: Porém, o número de voluntários aumentou. Era esperado?
LM: Foi uma agradável surpresa. Numa altura em que a crise tolda, de alguma forma, a contribuição dos portugueses no que diz respeito ao número de medicamentos recolhidos, esta é uma prova de que é possível encontrar outras formas de ajudar – neste caso, tornando-se voluntário. Nessa medida, é possível atestar que a generosidade caraterística dos portugueses, independentemente dos moldes, não esmoreceu. No entanto, como o Banco Farmacêutico está em mais regiões do país e é agora mais conhecido é natural que mais pessoas queiram participar nas nossas ações de solidariedade.
HdF: De que forma se procedeu a entrega dos medicamentos às instituições?
LM: A cada farmácia que adere à iniciativa estão associadas uma ou mais instituições de solidariedade social. O Banco Farmacêutico procede ao levantamento das necessidades destas instituições e, com a ajuda dos nossos parceiros, entrega os medicamentos recolhidos. A distribuição teve início no próprio dia da Jornada de Recolha pelo Banco Farmacêutico e prolongou-se durante a semana que a sucedeu.
HdF: Qual o balanço relativamente às edições passadas?
LM: O balanço é extremamente positivo. De uma forma geral, ao longo de cinco anos de Jornadas de Recolha de Medicamentos, o Banco Farmacêutico tem estado a crescer em número de farmácias, de voluntários, de instituições apoiadas e em número de medicamentos recolhidos – ainda que este ano neste último ponto se tenha verificado um pequeno decréscimo. Ainda assim, todos os anos o Banco Farmacêutico pode ajudar cada vez mais pessoas.
HdF: Porque é que só tem a duração de um dia?
LM: O facto de se fazer apenas num dia tem essencialmente a ver com a necessidade da presença dos voluntários nas farmácias, que por norma é mais fácil de calendarizar ao fim de semana. A Jornada de Recolha de Medicamentos tem um carácter excecional e a presença do voluntário na farmácia reflete que alguma coisa de diferente está a acontecer naquele dia.
HdF: Como tem sido a aceitação por parte das farmácias?
LM: Tem-se verificado um interesse crescente por parte dar farmácias em aderirem a esta iniciativa e a colaborarem com o Banco Farmacêutico.
HdF: O alargamento a todo o país está previsto já na próxima edição, ou ainda é cedo para esta estimativa?
LM: Nós desejamos crescer para onde nos for possível, sendo que a meta é a Jornada ser de âmbito Nacional. No entanto, o alargamento da iniciativa a outras regiões do país depende, acima de tudo, do interesse e adesão de farmácias. O Banco Farmacêutico está disposto e preparado para dar esse passo caso seja contatado nesse sentido.
Por Sofia Filipe
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