Os homens, tal como as mulheres, querem ter uma pele hidratada, suave e com um aspeto saudável.

No entanto, apenas 23 por cento considera que trata adequadamente do seu rosto. Esta é a conclusão de um estudo pan-europeu levado a cabo pela marca Gilette e que demonstra que os rituais de beleza masculinos ainda ficam muito aquém das necessidades.

Apesar disso, «uma coisa é certa, aqueles que começam a cuidar da pele já não conseguem sair de casa sem o fazer», sublinha a dermatologista Marília Fonseca, que nos revelou as especificidades da pele do homem e apontou os cuidados de que deve ser alvo diariamente. Para além do rosto e corpo, abordaremos também o cabelo e a transpiração, dois fatores importantes para o sexo masculino quando o tema é a beleza.

Diferenças visíveis

A pele do homem e da mulher têm a mesma estrutura de base mas, tal como afirma Marília Fonseca, as suas «características são muito distintas em termos de tolerância e de composição». Em traços gerais, «a pele masculina é mais espessa, tem os poros mais dilatados e maior quantidade de glândulas sebáceas que a feminina, sobretudo, devido às hormonas (a presença de testosterona condiciona muito a pele)», realça.

Outro aspecto relevante quando se fala da pele deles é o ato de barbear, que para muitos homens é diário e representa uma agressão que irrita a cútis e diminui a película hidrolipídica que a protege das agressões externas. Fazer a barba está na origem de fissuras, desidratação e até da foliculite (lesões provocadas por pelos encravados).

Fatores de envelhecimento

Apesar das agressões constantes, a pele masculina é mais resistente que a feminina, o que explica que tendencialmente envelheça mais tarde. «Para além de terem uma pele mais oleosa e resistente, os homens não passam pelas alterações hormonais que a mulher sofre quando deixa de ter estrogénios, altura em que há uma quebra da sua função hormonal e que provoca uma excessiva secura da pele e um envelhecimento mais acentuado», explica Marília Fonseca.

Os fatores de envelhecimento, excetuando os hormonais, são idênticos. O sol, a desidratação, a alimentação incorreta, o tabaco, a poluição e até o stress afetam negativamente a pele masculina. «Atualmente, os homens já começam a estar mais atentos e a usar produtos antienvelhecimento e protetor solar, não só na praia, mas também durante a prática desportiva em ambientes exteriores. Essa proteção é tão importante no homem como na mulher, pois o cancro da pele é uma doença que não faz distinções de sexo», garante.

Cosméticos adequados

No que diz respeito às substâncias que os cremes masculinos devem conter, a dermatologista aconselha «as mesmas que estão presentes nos das mulheres mas em concentrações mais elevadas», como faz questão de sublinhar.

«Isto porque têm de ter uma capacidade de penetração maior (dada a espessura da pele) e ter componentes minimamente gordurosos porque a própria pele masculina, tem tendência para ser mais seborreica», acrescenta.

Para a especialista, todos os fatores que interferem na oxidação cutânea e contribuem para o rejuvenescimento podem estar incorporados nos cosméticos masculinos, tais como os antioxidantes, as vitaminas, os alfa hidroxiácidos e as fibras.

Ritual de beleza

Os cuidados diários da pele do rosto são distintos no homem e na mulher e, essa diferença reside, essencialmente, na barba. É por aí que o ritual de beleza masculina começa, assim, «é importante passar um creme esfoliante ou um outro produto que amoleça os pelos antes de começar a fazer a barba e depois usar um produto de barbear que faça deslizar a lâmina», alerta Marília Fonseca.

Quando questionada sobre que produto de barbear é mais adequado, a dermatologista diz que depende muito da idade. «Os adolescentes têm uma pele que beneficia mais do gel, mas a partir dos 40/50 anos quando a pele está mais seca, agredida e a secreção de glândulas sebáceas começa a diminuir, os cremes e as espumas são mais indicados», afirma.

Rosto suave

Recuperar da agressão, quer tenha feito a barba com lâmina ou com máquina de barbear, é o passo seguinte.

Depois de passar o rosto por água tépida, é fundamental aplicar um creme calmante ou reestruturante.

«Os produtos devem ser isentos de álcool e perfume porque estes, para além de serem fotossensibilizantes, agridem e ressecam muito a pele», explica a especialista.

«Isso só contribui para a desidratação cutânea e a pele oleosa não é propriamente uma pele hidratada, ou seja, tem alguma elasticidade mas na profundidade é desidratada, porque o óleo à superfície não permite a sua hidratação total», esclarece. Em vez do aftershave, Marília Fonseca recomenda o uso de «cremes hidratantes e reconstituintes. «Atualmente também já existem no mercado bons bálsamos para usar depois de fazer a barba» refere.

Pele do corpo

Com exceção da zona mediana do tórax e do peito, é comum os homens terem a pele do corpo muito seca. «Para além dos factores genéticos, eles são mais descuidados do que as mulheres e não gostam de pôr creme. O resultado disso é uma pele extremamente seca como se tivesse fissurada superficialmente», revela a dermatologista.

No banho, Marília Fonseca aconselha o uso de óleo, em vez de gel. Depois do banho, é essencial aplicar um creme hidratante e, neste caso, a dermatologista não vê necessidade de usar um creme especifico para homem. «Desde que tenha propriedades emolientes e não contenha álcool na sua composição, é adequado», remata.

Parar a transpiração

A pele transpirada é uma das principais preocupações masculinas, sobretudo para quem está a trabalhar.

A transpiração é um mecanismo natural que serve para reequilibrar a
temperatura corporal, no entanto, este processo pode ser controlado.

Marília Fonseca, explica que «os homens transpiram mais porque têm uma
estimulação glandular mais acentuada devido à própria componente
hormonal, isto é, à presença da testosterona».

A dermatologista recomenda «a higiene normal diária para remover a
colonização bacteriana, pois é esta que dá cheiro à transpiração».
Depois do banho, aconselha o uso de um «antitranspirante, sem álcool e
sem perfume, de forma a não provocar a irritação e que tenha uma ação
antisséptica».

Texto: Rita Caetano com Marília Fonseca (dermatologista)