Os olhos actuam sobre nós e são afectados por todos os aspectos da nossa vida. Assim, tensões físicas, barreiras emocionais, traumas e resistências mentais precisam de ser ultrapassadas para melhorarmos a nossa visão.
Este é o desafio que propomos: trabalhar com os olhos, cuidar deles, e assim melhorar a visão, melhorar a forma como vemos, e como enfrentamos e aceitamos a vida.
Os exercícios de visão, conhecidos há milhares de anos pelas antigas civilizações da China, Índia, Tibete, já faziam parte dos hábitos diários de prevenção e conservação da saúde.
No ocidente, a aplicação dos exercícios de visão começa no início do Século XX, com Dr. William Bates, oftalmologista americano que desafiou a comunidade médica, rigorosa no uso de óculos ou cirurgias para solucionar problemas de visão.
Criador do retinoscópio, foi o primeiro médico a fazer um estudo científico sobre o funcionamento dos olhos em função das actividades exercidas. Pesquisou durante anos com centenas de pacientes e constatou que a deterioração da visão surge também e sobretudo pela tensão, e pelo stress das situações diárias.
Provou que estes problemas podem ser corrigidos através de um comportamento consciente e correcto da visão. "Vemos com a nossa mente tanto quanto vemos com os olhos", afirmava Bates. Escolas e professores do Método Bates surgiram e actuam hoje em todas as partes do mundo, em especial na Europa.
Meir Schneider, que nasceu com cataratas congénitas e outras sérias dificuldades na visão, usou os conceitos e exercícios do Método Bates e desenvolveu as suas próprias técnicas para a recuperação da sua visão, trabalhando com grande determinação, com muito trabalho e paciência.
Nos últimos 40 anos, Meir Schneider tem vindo a desenvolver e a promover o seu Método de Autocura, não só para os casos de visão, mas para um universo mais amplo dos problemas neuromusculares.
É sempre possível ver melhor!
Primeiro é preciso entender que os olhos fazem parte do corpo, têm tecidos semelhantes aos do cérebro e são alimentados por vasos sanguíneos, nervos e músculos.
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Em seguida, é preciso compreender que a mente, como toda a força poderosa da natureza, nos pode impedir de acreditar que vamos melhorar a nossa visão, ou pode ajudar-nos a melhorar.
É preciso fazer a mente trabalhar a nosso favor e aprender de facto a relaxar os olhos. Vamos pensar numa nova maneira sobre a visão e aprender a ver de uma nova forma. Neste processo, contamos com dois importantes instrumentos mentais que actuam a nosso favor: a memória e a imaginação.
Embora cada caso exija exercícios e procedimentos específicos, como nos casos de glaucoma ou degeneração macular, vamos enumerar alguns dos principais exercícios necessários para o relaxamento dos olhos.
Palming (Palmar com as mãos)
Sente-se num quarto escuro, apoie os cotovelos numa mesa suportados em almofadas, de modo que fiquem à mesma altura que os ombros, mantenha as costas erectas: esfregue bem as mãos até aquecê-las e cubra os olhos fechados com as palmas das mãos, sem pressionar o rosto de modo a permitirem melhorar a circulação para a cabeça e olhos.
Visualize o escuro e, ao respirar lenta e profundamente pelo nariz, tome consciência da sua parte lombar, costas, ombros, nuca, pescoço, braços, e rosto, sinta as mãos a expandirem-se quando inspira e a encolherem ao expirar. Sinta o calor das suas mãos a relaxar os músculos em volta dos olhos.
De 3 a 20 minutos de cada vez, é um excelente exercício para relaxar o nervo óptico e todo o sistema nervoso, remover a tensão acumulada e a fadiga pelo excesso de uso - no trabalho, no computador - além de regenerar a capacidade de autocura dos olhos.
Se tem problemas de glaucoma: palmar no máximo 2 a 3 minutos. Quanto mais palming, mais relaxamento, melhor acuidade visual.
Sunning (Ensolar os olhos)
Fortalece as células fotoreceptoras dos olhos, previne e ajuda nos problemas de sensibilidade à luz, estimula e permite sintetizar as vitaminas e hormonas no sangue, ajuda as pupilas a funcionarem melhor além de relaxar o pescoço.
Sunning deve ser feito ao ar livre a aproveitar o sol da manhã ou do fim do dia: em pé, pernas separadas, ombros bem para trás, posicionar o rosto diante do sol com os olhos fechados e movimentar a cabeça lentamente de um lado para o outro, de um ombro ao outro, o mais distante que conseguir.
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Após alguns minutos virar o corpo contra o sol com os olhos sempre fechados e palmar os olhos (palming) durante 1/2 minutos; em seguida voltar-se para o sol e fazer de novo os movimentos, sempre de olhos fechados (Foto 4 e 5). Respirar com calma e profundamente, abrir bem a área das costelas.
É um excelente exercício, em especial para eliminar fotofobia e o uso excessivo de óculos escuros. Nos casos de glaucoma, fazer o exercício por menos tempo. Em geral, três vezes por dia.
Swinging (balancear)
Reduz a tensão ocular e é muito útil para quem lê e estuda muito, e para aqueles que passam muito tempo ao computador. Em pé, com as pernas separadas à largura dos quadris, levante o dedo indicador à frente do nariz, focalize o dedo e rode o corpo de um lado a outro, gire 180 graus.
Suspenda um calcanhar de cada vez quando girar o corpo, afim de ajudar no movimento rotativo. O importante é a imagem desfocada dos objectos que se percebe na medida em que se gira para os dois lados, o que estimula a visão periférica. Fazer 5 a 15 minutos, três vezes por dia, fora ou dentro de casa.
Blinking (piscar os olhos)
É frequente esquecermo-nos de piscar os olhos quando estamos a fixar o computador, a ver televisão ou a olhar para alguma coisa à distância. Temos o mau hábito de forçar os olhos e de olhar fixamente, enrugar as pálpebras e a testa – o que, a longo prazo, nos pode lesar a córnea, provocar o síndroma dos olhos secos e astigmatismo.
Piscar oxigena, desinfecta e lubrifica a superfície dos olhos. Após cada exercício feito, lembrar de piscar os olhos, abrir e fechar as pálpebras devagar, com consciência. Em seguida, piscar bem depressa, a bater cílios contra cílios e movimentar bem as pálpebras superior e inferior.
Descubra a automassagem
Parte essencial deste programa de cuidar dos olhos é a massagem - do rosto, cabeça, pescoço, ombros e costas, ou seja, toda a parte superior do corpo, uma vez que precisamos de ajudar a melhorar a circulação do sangue.
Sabemos que todo o sangue do nosso corpo circula também através dos olhos e, se nos lembrarmos de relaxar os músculos dos ombros, costas, pescoço e cabeça, vamos assegurar maior facilidade de acesso do sangue aos olhos, e a certeza de mais oxigénio, mais vitaminas, enfim melhor metabolismo e funcionamento dos nossos olhos.
Em especial, quando falamos dos olhos, recomendamos uma automassagem que deve ser feita todos os dias, de manhã e à noite. Para ver com mais clareza, nitidez e sobretudo assegurar mais vitalidade. Sempre que sentir os olhos cansados, convém fazer logo um pouco de automassagem.
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Conheça os principais movimentos:
1. Sente-se a uma mesa, mantenha a coluna erecta, apoie os cotovelos na mesa por cima de uma almofada e coloque a mão no rosto. Com a ponta dos dedos, esfregue a testa com a parte carnuda dos dedos.
Faça movimentos circulares em todas as direcções, com a ponta de todos os dedos em contacto com a pele. Concentre-se na área acima das sobrancelhas. Se sentir alguma área dolorida, mantenha-se nesta posição por mais tempo, a libertar a tensão acumulada dos músculos cansados.
2. Em seguida, coloque os polegares na maçã do rosto, enquanto os outros dedos se espalham pela testa, a abrir e fechar a mão, de modo que a massagem seja feita também nas laterais da testa, na zona das têmporas.
3. Massaje a área óssea entre as sobrancelhas e as maçãs do rosto, com movimentos do nariz para fora até às têmporas, além da área frontal e posterior das orelhas.
4. Apoiar o polegar na maçã do rosto e com os outros quatro dedos massajar a sobrancelha, trabalhando para cima, distanciando-se do globo ocular para a testa. Pressione a cavidade ocular superior, logo abaixo da sobrancelha, mas nunca no próprio olho.
Na parte central da sobrancelha, no osso da cavidade ocular encontrará uma área sensível: colocar o dedo indicador neste ponto e massajar em círculos. Na mesma direcção, na parte inferior do olho, na maçã do rosto, existe uma outra cavidade similar. Massajar este ponto.
5. Nos lados do nariz existem duas cavidades, ou pontos de pressão. São também pontos de ligação dos músculos que fazem a convergência dos olhos para ver o objecto ao perto. Massaje com firmeza estes pontos, pois estão em geral tensos e doloridos.
6. Utilize as pontas de dois dedos juntos, para massajar a área entre a ponta do nariz e as sobrancelhas. Movimento circular, leve.
7. Colocque os cinco dedos das duas mãos na linha dos cabelos e balance os dedos para trás e para frente por dentro do cabelo, da testa até a base do pescoço. Mantenha os dedos na raiz dos cabelos e em contacto com o couro cabeludo, massajando com firmeza e com movimentos circulares.
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Continue até que se solte a tensão na cabeça toda. Termine levantando levemente os cabelos e puxando com cuidado tufos de cabelo, a partir da raiz.
8. Ao longo do occipital existem alguns pontos muito doloridos. Massaje esta área com os polegares. Aperte bem fundo e com firmeza. Com a mão direita agarre a parte posterior do pescoço e amasse os músculos.
É necessário respirar calma e profundamente durante toda a massagem, manter o corpo relaxado, mãos leves e firmes. O tempo dedicado à massagem é o seu tempo de concentração que permitirá reencontrar a sua tranquilidade para os passos seguintes que irá tomar.
Melhorar a visão com a esteticista
Segundo Rita Jardim, enfermeira, terapeuta respiratória e massagista, "os profissionais de estética, podem contribuir para o bem-estar dos seus clientes através de massagens que ajudam, a relaxar, e a desintoxicar toda a área do rosto".
"O equilíbrio do ser humano está na harmonia entre o corpo físico, mental e espiritual, embora hajam muitos corpos mais subtis. Tudo o que se passa no corpo físico tem origem em qualquer coisa que aconteceu a nível do consciente ou do inconsciente.
Quando aparecem sintomas físicos como os problemas de visão, eles poderão representar qualquer coisa que não queremos ver na nossa vida, isto é, qualquer situação que não tendo ficado bem resolvida ao nível mais leve, passa para o nível mais denso que é o físico", explica a especialista.
Quando falamos de harmonia e bem-estar vem sempre à mente a "massagem", Rita Jardim explica que, "os problemas de visão na nossa sociedade são encarados como naturais: "é da idade", "é do computador", "falta de vitaminas", entre outras desculpas, e associados a várias doenças mais ou menos complicadas.
A massagem só por si já estimula, tonifica, desintoxica, relaxa, mas se lhe juntarmos as técnicas do Método Meir Schneider ou outras técnicas como o reiki, shiatsu, ou a terapia sacro craniana, é evidente que o trabalho da profissional de estética será muito mais eficaz e proveitoso", afirma a terapeuta.
Segundo Rita Jardim, "ao massajarmos o rosto, ombros e por vezes até axilas, braços e barriga, com a ajuda destas técnicas e outras que porventura venham a mostrar-se vantajosas, estamos a estimular o sistema linfático, nervoso e circulatório.
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Esta estimulação do rosto, acompanhada destas técnicas que cuidam do corpo todo, é particularmente importante por fazer chegar uma melhor irrigação às áreas desejadas gerando mais defesas, uma vez que elas surgem sempre através do sangue.
Este transporta consigo tudo o que precisamos para nos regenerar", esclarece a terapeuta. "O nosso corpo foi feito para estar em equilíbrio, para ser são, não para estar doente.
Todas as células sabem bem para que nasceram. O fígado só metaboliza o que comemos, os rins só filtram, o pâncreas só metaboliza os açúcares, os olhos servem para ver e transmitir ao cérebro o que foi visto para que este armazene essa informação, etc.
Mas é com os olhos que apreciamos o que vemos, com eles exprimimos os nossos sentimentos, quer seja uma coisa boa quer seja uma coisa má. A garganta também é um ponto importante a massajar, pois o Chakra que aí está situado diz respeito à capacidade de expressão, o que se diz e o que se deve dizer e não conseguimos", diz Rita Jardim.
Assim, uma massagem completa do rosto e todas as zonas limítrofes em que se aplicam todas as técnicas ao alcance do profissional, será na verdade uma terapia diferente, mais eficaz para quem recebe e mais gratificante para quem a executa.
Postura, respiração e movimento
Além de uma postura inadequada - ombros caídos, andar lento e inseguro, pescoço rígido - as pessoas que têm problemas visuais em geral respiram mal, o que resulta numa crónica insuficiência de oxigénio.
Em especial, quando estamos sob pressão ou concentrados, esquecemo-nos de respirar com profundidade e atenção. Para uma condição saudável dos olhos é preciso romper estes maus hábitos de postura, do caminhar e da respiração deficiente.
Quebrar padrões, mudar hábitos, descobrir o próprio corpo e respirar bem, ajuda a ver melhor. Uma excelente introdução ao movimento a lembrar sempre que movimento é vida. Os bons hábitos conduzem ao relaxamento, à meditação. Com mais oxigénio aumentamos a concentração e a memória, e vemos melhor, sempre!
Agradecimentos: Rita Jardim, Centro de Recuperação Respiratória; Sylvia Lakeland, terapeuta da visão
Fotografia: ©Angelika Bentin - Fotolia.com
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