O que são infeções urinárias? 

Segundo a Associação Portuguesa de Urologia, uma em cada cinco mulheres adultas tem pelo menos um episódio de infeção do trato urinário ao longo da vida. Estas infeções são causadas frequentemente por bactérias. Podem afetar exclusivamente a bexiga (designando-se por cistite) ou cursar também com atingimento renal (pielonefrite), caracterizando-se por um maior potencial de gravidade, com possibilidade de bacteriemia e consequente envolvimento sistémico. 

Quem pode ter infeções urinários?

Ambos os sexos podem ter infeções urinárias, embora sejam mais frequentes no sexo feminino. Tal deve-se ao facto de a uretra feminina ser mais curta do que a uretra masculina, existindo assim maior facilidade da passagem de bactérias patogénicas para o interior da bexiga da mulher. 

Quais os sintomas?

Existem diversos sintomas associados à infeção urinária, dependendo da sua localização. 

Quando esta se localiza ao nível da bexiga, habitualmente existe uma vontade urgente e frequente de urinar, associada à sensação de ardor, podendo ainda ser acompanhada por uma alteração do cheiro da urina e pela presença de sangue. 

Por outro lado, quando a infeção se localiza ao nível dos rins, por ser uma infeção sistémica, causa febre alta, náuseas, vómitos e frequentemente dor aguda a nível lombar. Nestes casos, é necessário um acompanhamento médico adequado, uma vez que este tipo de infeções se associa ao desenvolvimento de sépsis, caracterizando-se por uma resposta inflamatória sistémica e falência multiorgânica.

Quais os fatores de risco?

Existem inúmeros fatores de risco para as infeções urinárias, nomeadamente:

  • Alterações hormonais – por exemplo, alterações hormonais associadas à menopausa;
  • Diabetes – a hiperglicemia (níveis de glicose elevados) favorece o crescimento de bactérias na urina;
  • Hábitos de higiene desadequados – nomeadamente a utilização de produtos de higiene que destroem a microbiota saudável; 
  • Uso indiscriminado de antibióticos. 

Qual o tratamento?

O tratamento implica sempre uma avaliação médica. A constelação de sintomas que caracteriza uma infeção urinária pode, em alguns casos, traduzir outro tipo de afeções do sistema urinário, não infeciosas e cujo tratamento não inclui a utilização de antibióticos, evitando assim o uso abusivo destes medicamentos, com sérias consequências para o doente e com potencial de desenvolvimento de resistência bacteriana. 

Importa realçar que o tratamento de uma infeção do trato urinário deve ser sempre precedido da colheita de uma amostra de urina para realização de exame bacteriológico (urocultura), pois é fundamental o conhecimento da estirpe causadora da infeção para avaliar a sensibilidade aos antibióticos e aferir a eficácia do tratamento.  Quando o diagnóstico de infeção urinária é estabelecido, a terapêutica antibiótica é essencial para eliminar as bactérias patogénicas, porém, o seu impacto nas bactérias comensais, as constituintes da microbiota, contribui para uma situação de fragilidade e para a perpetuação do risco de infeções subsequentes. Deste modo, é fundamental garantir a recuperação do ambiente fisiológico saudável, ou seja, do equilíbrio bioquímico e microbiológico que protege o sistema urinário contra futuras infeções. Este equilíbrio pode ser conseguido através da modulação da composição bacteriana na direção de um espectro saudável. A suplementação com probióticos, isto é, microrganismos vivos com capacidade de atuar a nível local, privilegiando a colonização por bactérias benéficas em detrimento das patogénicas, pode ter um papel fundamental na recuperação da microbiota do trato urinário, de modo a prevenir a recorrência da infeção. 

Como prevenir uma infeção urinário?

De modo a reduzir o risco de desenvolver este tipo de infeções é aconselhável:

  • Ingerir muitos líquidos, sobretudo água; 
  • Uso de probióticos – a reposição da microbiota urinária saudável é fundamental na prevenção de infeções urinárias;
  • Urinar após as relações sexuais – a penetração vaginal pode favorecer a entrada de microrganismos no sistema urinário;
  • Efetuar a higiene a partir da vagina em direção ao ânus;
  • Utilizar sabões íntimos adequados;
  • Utilizar pensos higiénicos ou copos menstruais, em vez de tampões;
  • Não reter a urina na bexiga durante muito tempo;
  • Usar roupas íntimas de algodão.

Um artigo de Catarina Matos, especialista em Bioquímica Médica e consultora na TW Wellness, e de Pedro Brogueira, médico especialista em Doenças Infeciosas e consultor na TW Wellness.