Para além de terem sido debatidos temas como a importância do apoio nutricional na terapêutica oncológica, a imunoterapia e as possibilidades de cura das doenças, o cancro do pâncreas teve também especial atenção da nossa parte, bem como das restantes instituições e especialistas presentes.
Tendo em conta que o cancro do pâncreas é a neoplasia do sistema digestivo com a taxa de sobrevivência mais baixa de todos os cancros, é crucial promover-se a discussão sobre o tema.
Enquanto Associação, para motivarmos o conhecimento da doença, é imperativo potenciarmos a informação junto dos cidadãos, dos pacientes, dos cuidadores e ainda dos profissionais de saúde. É uma das patologias menos conhecida e muitas das vezes esquecida face a outros tipos de cancro.
De forma a conseguirem-se ultrapassar algumas lacunas que possam existir na informação ao doente e, uma vez que muitos dos doentes acabados de diagnosticar sentem necessidade de um correto acompanhamento e esclarecimento de dúvidas, a Europacolon Portugal considerou essencial o desenvolvimento de um manual informativo do cancro do pâncreas dirigido aos doentes e familiares, com toda a informação sobre aquele que é um dos cancros mais mortais do tubo digestivo de forma a promover a literacia da saúde do doente que, idealmente, deverá ser cada vez mais informado sobre todas as possibilidades e vertentes relacionadas com o seu estado de saúde.
Este manual informativo, que conta com o envolvimento da Europacolon Portugal, membro fundador da World Pancreatic Cancer Coalition, com o prefácio de Manuel Sobrinho Simões, médico, investigador e director do IPATIMUP e com o contributo do Presidente do Grupo de Investigação do Cancro Digestivo, Hélder Mansinho, pretende ser um manual de apoio para o conhecimento da doença, da melhor forma de a prevenir, das opções terapêuticas existentes bem como os apoios disponíveis.
O cancro do pâncreas manifesta alguns sintomas numa fase já avançada, pelo que o diagnóstico é geralmente também tardio. Apesar de se desconhecerem as causas exatas do cancro do pâncreas, as investigações têm revelado que as pessoas com determinados comportamentos ou fatores de risco estão mais predispostas a desenvolver este cancro: Tabagismo, alimentação rica em gorduras, pancreatite (hereditária ou não), diabetes, consumo excessivo de álcool, peso e história familiar.
De todos os cancros, o cancro do pâncreas é o que tem a taxa de sobrevivência mais baixa e, sem melhorias no diagnóstico, prevê-se que venha a tornar-se a segunda principal causa de morte por cancro em 2030. O carcinoma pancreático é o único cancro cuja mortalidade tem aumentado em ambos os sexos. Em Portugal, surgem mais de 1300 novos casos por ano, dos quais a maioria em estadio IV no momento do diagnóstico.
Por estes motivos é muito importante a potenciação da informação dos cidadãos e aumentar o alerta dos especialistas de medicina geral e familiar, que estão mais próximos dos doentes para estarem atentos aos sintomas desta doença e promovem um diagnóstico mais atempado que possibilite um tratamento mais eficaz. Perda inexplicável de peso, icterícia (tom amarelado da pele), náuseas, depressão, dor abdominal, dor na coluna dorsal, alterações nos hábitos intestinais (diarreia; esteatorreia - formação de fezes volumosas, acinzentadas ou claras), aparecimento de diabetes de início recente não associada a aumento ponderal, trombose venosa profunda) fazem parte dos sintomas dos doentes com cancro do pâncreas.
O manual, que pode ser consultado aqui, foi desenvolvido com o apoio da biofarmacêutica Celgene.
Por Vitor Neves, Presidente da Europacolon Portugal
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