Envelhecer é um processo fisiológico normal, não é uma doença. Nas últimas décadas, a expetativa de vida aumentou muito, devido à melhoria das condições de higiene, da prevenção da doença e até do desenvolvimento de terapêuticas mais eficazes. A depressão, a perda de autoestima, o desinteresse pelo mundo que os rodeia e o isolamento são fatores que contribuem para uma menor esperança de vida e, acima de tudo, para uma menor qualidade da mesma. Especialmente no caso dos homens.
Muitas vezes, ao contrário deles, as mulheres refugiam-se nas suas melhores habilitações sociais e afetivas, o que dificulta a sua condição, justificam vários especialistas. A melhor solução para combater essa situação é reagir e lutar. A resignação dos idosos tem sérias consequências para a sua própria saúde física e mental, sendo muitas vezes a ajuda do médico que os acompanha preciosa. A saúde mental obriga, por isso, a cuidados, tal como a física.
Jean-Marc Kaufman, numa das suas intervenções num congresso enquanto membro do Serviço de Endocrinologia e da Unidade de Doenças Metabólicas dos Ossos do Centro Hospitalar Universitário de Gand, na Bélgica, alertou para o facto de, com a idade, o número de fraturas tender a aumentar exponensialmente, ainda que na mulher a percentagem tenda a ser maior. O desenvolvimento e até o agravamento de outras doenças é outra das consequências do passar dos anos.
As experiências laboratoriais que criam uma nova esperança
Em 2014, especialistas das universidades de Harvard e da Nova Gales do Sul revelaram ter conseguido reverter geneticamente os efeitos do envelhecimento em ratos numa experiência laboratorial, anunciando que pretendiam testar a experiência no ser humano a médio prazo. «Descobrimos os genes que controlam o modo como o corpo envelhece», assegura o professor de genética David Sinclair.
«Se esses genes forem ativados corretamente, podem ter um efeito importante [nesta matéria] e até conseguir inverter o processo de envelhecimento», acredita. «Já foram feitos vários ensaios clínicos [com animais e com sucesso] em várias partes do mundo e nós esperamos que também venham a funcionar nos seres humanos daqui por alguns anos», acrescenta ainda o especialista, que conseguiu que ratos com dois anos apresentassem uma massa muscular igual à dos que têm seis meses.
Muitos especialistas acreditam, contudo, que este tipo de descobertas permita ao homem viver mais tempo. Apenas com mais qualidade. «Não sei se [o que temos em mãos] nos vai permitir chegar aos 150 anos, mas o mais importante é impedir que passemos os últimos 20 a 30 anos da nossa vida com uma saúde má», refere David Sinclair, que já admitiu, contudo, publicamente que o seu projeto está longe de ser a descoberta do elixir da eterna juventude.
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O problema da diminuição (natural) dos níveis de testosterona
Os níveis de testosterona, a principal hormona sexual masculina e um esteroide anabolizante, produzida pelos testículos, normalmente começam a diminuir gradualmente depois dos 30 anos. Para a maioria dos homens, o nível médio varia de 300 a 1000 nanogramas por decilitro de sangue, um valor que pode oscilar consoante a hora do dia, o estado de sonolência e até uma possível toma de medicação.
Alguns estudos estimam que até 30% dos homens entre os 40 e os 79 anos sejam portadores de uma deficiência hormonal real, embora apenas uma pequena percentagem desenvolva sintomas clínicos tradicionalmente associados ao passar dos anos, como a depressão, ondas de calor e disfunção erétil. Abraham Morgentaler, professor de urologia da Faculdade de Medicina de Harvard e autor do livro «Testosterone for Life», «Testosterona para a Vida» em tradução literal, realça contudo as inovações médicas que têm vindo a surgir.
«A deficiência de testosterona está a ser diagnosticada e tem vindo a ser tratada», assegura o especialista. Estudos desenvolvidos internacionalmente nos últimos anos demonstraram que homens com níveis baixos desta hormona têm uma esperança de vida reduzida, além de correrem maiores riscos de contrair diabetes, de serem vítimas de doenças cardíacas e até de sofrer de osteoporose.
«O envelhecimento está associado a problemas de visão, de audição e dentários, bem como problemas nas artérias e articulações, além de cancro», resume Abraham Morgentaler. «Nós lidamos de perto com todos eles», sublinha. «Acho, por isso, que é uma limitação injusta afirmar que, lá porque algo é comum ou até mesmo natural, não deva ser tratado», defende o docente universitário.
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