Quando se fala em diabetes, a insulina
surge como a grande vilã.

No entanto,
esta substância é essencial para o
organismo, já que é responsável pela
transformação dos alimentos que
ingerimos em fontes de energia a que
o corpo recorre para as mais variadas
acções.


Na realidade, a doença
desenvolve-se exactamente porque
a sua falta ou a insuficiência
da sua acção leva a alterações no
aproveitamento dos açúcares,
das gorduras e das proteínas que
são a base da nossa alimentação.
E é aqui que surgem os problemas.

Quando o pâncreas não
produz insulina suficiente
para transformar estas substâncias,
verifica-se uma acumulação
de açúcar no sangue, a hiperglicemia.

O papel do pâncreas

A diabetes tem diversas variantes, sendo que a
principal distinção entre elas é a necessidade ou
não de administração de insulina. No primeiro
caso, insere-se a diabetes de tipo 1, isto é, quando
o pâncreas deixa de conseguir produzir insulina
de modo natural, o doente tem de injectar
essa substância, uma terapia que se mantém para
o resto da vida.

Já no segundo caso, a diabetes
de tipo 2, o organismo continua a produzir a
hormona, mas os maus
hábitos de vida, como a
alimentação desequilibrada
e o sedentarismo, tornam
o organismo resistente à
sua acção, sobrecarregando
o pâncreas, até que
a insulina que produz
deixa de ser suficiente.
A doença pode ainda
ocorrer durante a gravidez,
em resultado das alterações
hormonais decorrentes
da gestação.

Sinais do
corpo

A sede constante e intensa
é o sintoma mais flagrante
da doença, mas o aumento
da necessidade de urinar, a
fome insaciável (sem aumento
de peso), a permanente sensação
de cansaço, boca seca, comichão
no corpo e visão turva são
também sinais de alerta. A patologia
afecta cerca de meio milhão de
portugueses.

«Apesar da diabetes de
tipo 1 não poder ser prevenida, estudos
parecem indicar que o aleitamento
ao peito diminui a possibilidade de
desenvolvimento da patologia», anuncia
Isabel do Carmo, endocrinologista.
Por outro lado, assiste-se hoje a um
aumento de casos em crianças e jovens,
fenómeno a que não é alheio o estilo de
vida actual, marcado pelo elevado consumo
de açúcar e gorduras e uma quase total
ausência de prática desportiva que potencie
a eliminação desses excessos.

Medidas preventivas

Avaliar os níveis de açúcar no sangue e na
urina através de análises deve fazer parte do
check-up de rotina, principalmente se estiverem
reunidos os principais factores de risco, nomeadamente a predisposição
genética, o excesso de peso, a hipertensão
arterial e hipercolesterolemia, patologias
do pâncreas ou doenças endócrinas ou a existência
de diabetes na gravidez ou de bebés que nasceram com mais de quatro quilos.

A rapidez do diagnóstico
é essencial já que cerca de 40 por cento das pessoas
com diabetes têm complicações tardias da doença,
nomeadamente ao nível do cérebro, coração, rins e pés,
bem como infecções e disfunções sexuais. É, aliás, neste
contexto que a especialista recomenda «uma vigilância
regrada e ritualizada dos olhos, pés e coração».


Veja na página seguinte: As melhores maneiras de tratar a diabetes

Tratamento multidisciplinar

«Para além de uma dieta com restrição de açúcares e da
prática regular de exercício físico aeróbico, o tratamento
da diabetes pode passar pela administração de insulina», explica Isabel do Carmo.

Hoje em dia, em Portugal
já existem medicamentos novos, «nomeadamente
comprimidos que actuam sobre o pâncreas estimulando
a produção de insulina, novas insulinas de acção lenta e
foi aprovada a distribuição a todos os doentes de bombas
de insulina (que possibilitam a administração da hormona
com um débito contínuo pré-programado).

Existem
ainda novas formas de tomar esta substância. Por absorção
nasal, com canetas de injecção ou com seringas de
plástico com agulha fixa (que permitem a mistura entre
as insulinas de acção rápida e intermédia)», enumera a
endocrinologista.


Gripe
Recomendações médicas especiais

Dado que a gripe pode impedir o diabético de
comer bem e, consequentemente, afectar os níveis
de açúcar no sangue, Isabel do Carmo, endocrinologista,
aconselha:

- Tome a vacina
-
Cubra a boca e o nariz quando tosse e espirra
- Lave as mãos frequentemente
- Evite o contacto com pessoas com sintomas
de gripe
- Evite mexer nos olhos, nariz e boca se não tiver
as mãos limpas
- Evite espaços pouco arejados e com muitas
pessoas.


Texto: Sandra Diogo com Isabel do Carmo (endocrinologista)