A principal diferença entre as bactérias e os micoplasmas reside na sua génese. Enquanto as bactérias possuem uma parede celular sólida e uma forma definida, os micoplasmas possuem apenas uma membrana flexível e um tamanho reduzido, dificultando assim a sua identificação ao microscópio em comparação com as bactérias. A aderência do Mycoplasma às células humanas é extremamente elevada, não sendo eliminado nem por secreções mucosas nem pelo fluxo de urina.
A deteção precoce desta infeção é assim fulcral e determina a evolução da doença.
Os métodos de microbiologia tradicionais não são recomendados, a análise ao microscópio é dificultada pelo tamanho, o exame cultural e o isolamento é pouco apropriado por ser muito demorado e pouco preciso.
Os testes de amplificação dos ácidos nucleicos, tais como o teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), são os únicos métodos com significado clínico por serem muito sensíveis e específicos. Estes são atualmente os métodos para identificar micoplasmas. A Reação em Cadeia da Polimerase é uma técnica de Biologia Molecular que permite a replicação in vitro do ADN de forma rápida, possibilitando que quantidades mínimas de material genético, possam ser amplificadas milhões de vezes em poucas horas, garantindo a deteção rápida e fiável dos marcadores genéticos.
O teste ELISA (Enzyme-Linked Immunoabsorbent Assay) pode também ser usado para detetar a presença de anticorpos específicos no sangue contra a infeção. Nesta tipologia de teste não se pesquisa diretamente a presença do micoplasma, mas sim a existência de anticorpos contra o mesmo. Os anticorpos IgM são geralmente os primeiros a ser produzidos como resposta a uma infeção aguda e são detetados no espaço de uma a duas semanas após a exposição inicial à infeção. Estes permanecem por um período de tempo mais reduzido, normalmente desaparecem entre três a seis meses após a infeção, enquanto os anticorpos IgG predominam por períodos mais longos.
Todos os utentes com sintomatologia sugestiva de M. genitalium e no contexto de infeções sexualmente transmissíveis devem realizar testes de diagnóstico laboratorial para identificação da infeção.
Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
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