A infeção pode ser adquirida através do contacto sexual ou por transmissão vertical da gestante para o feto. Quando não tratada atempadamente torna-se numa doença crónica, que progride em vários estádios, com diferentes manifestações clínicas, classificadas como: Sífilis primária, secundária, latente e terciária.

A cultura da bactéria Treponema pallidum não é possível, o diagnóstico da Sífilis é confirmado nos laboratórios de rotina por testes serológicos, podendo ser divididos em dois grupos: testes treponémicos e não treponémicos.

Os testes não treponémicos, como o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), pesquisam anticorpos do tipo imunoglobulinas (IgG/IgM), formados pelo hospedeiro em resposta ao material libertado pelas células destruídas nas fases precoces da infeção.

O VDRL é o exame de rastreio mais usado no diagnóstico. O resultado é semi-quantitativo e é dado em formas de diluição, isto é, um resultado 1/8 significa que o anticorpo foi identificado até 8 diluições e um resultado 1/64 revela que é possível detetar anticorpos mesmo após diluirmos o soro 64 vezes. Quanto maior for a diluição em que ainda se deteta o anticorpo, mais positivo é o resultado. Um resultado positivo surge habitualmente entre 2 a 4 semanas após a infeção. Se o teste for realizado um ou dois dias após o aparecimento da Sífilis, o VDRL pode ser falso negativo.

Os testes treponémicos, como o FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) ou TPHA (Treponema pallidum Hemaglutination Assay), pesquisam anticorpos dirigidos à bactéria Treponema pallidum, são testes confirmatórios, mais específicos e sensíveis que o VDRL. A sua janela imunológica é mais curta, podendo apresentar um resultado positivo poucos dias após o aparecimento da doença. O FTA-ABS também apresenta menores taxas de falsos positivos que o exame VDRL.

O VDRL é utilizado como método de rastreio da Sífilis, enquanto o FTA-ABS é usado para confirmação. Na interpretação de resultados, deve-se considerar:

  • VDRL Positivo e FTA-ABS Positivo - Presença da doença Sífilis;
  • VDRL Positivo e FTA-ABS Negativo – Existência de outra doença que não Sífilis;
  • VDRL Negativo e FTA-ABS Positivo - Sífilis na fase inicial ou já tratada ou na fase terciária;
  • VDRL Negativo e FTA-ABS Negativo – Ausência da doença Sífilis.

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica.

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica