A forma como a nossa mente funciona e reage é influenciada por estímulos externos que lhe chegam através dos órgãos sensoriais (visão, audição, tato, olfato e sabor). Dessa informação faz parte a cor. As suas variações sobre a retina afetam as atividades musculares, nervosas e mentais, uma influência já constatada por estudos científicos. Para saber como o cérebro lê cada um dos diferentes tons, clique aqui.
Um desses estudos, desenvolvido há cerca de uma década em três unidades de cuidados intensivos de hospitais públicos brasileiros, onde dominavam tons neutros, entre o branco e o preto, concluiu que as cores têm significados para os doentes e que «podem ajudar ao estabelecimento do equilíbrio e a contribuir para a harmonia do corpo, mente e emoções».
Na altura, os investigadores concluíram que «a sensação sombria, monótona e temerosa do ambiente hospitalar é ainda mais acentuada aquando da permanência do indivíduo na unidade de cuidados intensivos» e recomendavam que «o ambiente hospitalar fosse um local que se assemelhasse à casa dos pacientes e profissionais».
Entre as cores que os inquiridos gostariam que existissem numa unidade de cuidados intensivos estavam «o azul claro, o branco e o verde claro». «As cores são consideradas coadjuvantes não agressivos do processo terapêutico e, fazendo parte da natureza e, portanto, da própria vida, devem também estar presentes em todo o processo saúde/doença, inclusive em ambientes como a unidade de cuidados intensivos», referem os especialistas.
A terapia da cor
A Organização Mundial da Saúde reconheceu, em 1976, a cromoterapia como medicina complementar. Esta terapia, que aborda o ser humano na sua dimensão física, mental, emocional, energética e espiritual, estuda o impacto de cada cor no organismo e usa cada tom para alcançar melhorias em várias áreas da vida. Do ambiente à apresentação pessoal, do humor à saúde.
A técnica procura restaurar o equilíbrio entre as energias do corpo e consiste na atribuição de significados às cores que, segundo os pressupostos da cromoterapia, podem reverter alguns problemas de saúde, promovendo o alívio sintomático através da cor. Por exemplo, a cromoterapia defende que o laranja e o vermelho são cores antidepressivas e que potenciam o funcionamento do nosso metabolismo.
O vermelho é a cor mais forte de toda a gama cromática, geralmente associada a conceitos como a paixão, o amor, a energia, a vitalidade. Entre as sensações que provoca encontram-se palpitações, aumento da pressão arterial, desejo e excitação. Para indivíduos desmotivados, com depressão, angustia ou solidão, esta variedade de tons, segundo a cromoterapia, pode ser útil.
O uso da cor como complemento terapêutico é um processo não agressivo sobre o organismo, sem efeitos colaterais, e pode fazer-se com recurso a lâmpadas coloridas ou através da mentalização de cores. Aplicadas por exemplo em casos oncológicos, estas técnicas por si só não alteram o curso da doença, mas podem ser um aliado enquanto terapia complementar à medicina convencional.
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Exercício com cor contra a dor e o stresse
Este exercício, realizado por terapeutas qualificados, ajuda a promover tranquilidade, a atenuar o stresse, a diminuir da ansiedade e evitar crises de pânico:
1. Atribua uma cor ao seu problema.
2. Pergunte a si mesmo qual a cor que poderia ajudá-lo a aliviar ou reduzir este problema.
3. Imagine que está a inspirar a cor escolhida para reduzir o seu problema.
4. Ao inspirar a cor, imagine que esta se espalha por todo o seu corpo.
5. Respire, soltando o ar lentamente.
Como o nosso cérebro lê as cores
As descrições sobre as cores azul, laranja, verde, amarelo, rosa e roxo são resultado de uma experiência da universidade americana Baylor College of Medicine. O mesmo estudo revela-nos informação também sobre estes tons:
- Cinza
É expressão de neutralidade e pode significar indecisão ou ausência de energia. Aciona o putâmen, área do cérebro que regula a distribuição de dopamina (um neurotransmissor relacionado com a sensação de prazer) e a ínsula, que coordena as emoções.
- Castanho
É uma cor pesada, sugere conservadorismo. O sistema límbico, que responde pelas nossas emoções, é ativado por esta cor.
- Branco
Estimula a área do cérebro responsável pelo pensamento lógico e pela competência comunicativa (o córtex cerebral esquerdo). Sugere pureza, cria impressão de luminosidade, transmite a ideia de frescura e calma. Combinada com outras cores proporciona harmonia.
- Vermelho
As estruturas ligadas ao prazer (amígdala e núcleo accumbens) ficam ativos quando os nossos olhos captam esta cor que transmite emoção, dinamismo e remete para sexualidade, virilidade e masculinidade».
- Preto
Sugere mistério, curiosidade ou superioridade, além de nobreza e distinção. Ativa a amígdala que regula comportamento sexual, agressividade, medo e memória emocional.
- Azul
Ativa o córtex pré-frontal, área do cérebro ligado às decisões, pensamento abstrato e criativo, respostas afetivas e julgamento social. Em tom escuro, relaciona-se com poder. Em tom mais claro, provoca sensação de frescura e higiene. Está associado a produtividade e sucesso.
- Laranja
Está associado a mudança, expansão e dinamismo. Ativa o sistema de recompensa do cérebro, que responde pelo prazer
- Verde
Transmite frescura, harmonia e equilíbrio, e remete para a natureza. Ativa a área do cérebro (córtex pré-frontal) associada a decisões, pensamento abstrato e criativo, respostas afetivas e capacidades para conexões emocionais.
- Rosa
Um tom mais claro transmite inocência. O tradicional, feminilidade e está associado ao rompimento de preconceitos. Ativa a área do cérebro que controla a sensação de recompensa pela saciedade de fome, sede e sexo (área tegmentar ventral).
- Amarelo
Ativa o sistema de recompensa do cérebro que responde pelo prazer e necessidade de repetição da experiência que o provoca. Esta cor passa a mensagem de transparência nas negociações. Associada a outras cores significa credibilidade.
- Roxo
Pode sugerir mistério e também se relaciona a calma e sensatez. Aciona o córtex frontal, ligado ao planeamento de ações e de movimento e ao pensamento abstrato.
Texto: Helena Marques (psicóloga clínica e consultora de imagem)
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