A bactéria Treponema, subespécie endemicum, é a responsável pela Sífilis não-venérea ou endémica, a subespécie pertenue origina a doença Bouba, enquanto a subespécie pallidum é agente da Sífilis venérea e congénita. Já a subespécie carateum está na origem da doença Pinta.

A Pinta e a Bouba são doenças infecciosas tropicais transmitidas por contacto com lesões cutâneas, não existindo registo de casos clínicos em Portugal. A primeira consiste numa infeção na pele, que provoca o surgimento de manchas e lesões azuladas, enquanto a Bouba afeta a pele, ossos e cartilagens.

A Sífilis é uma infeção com distribuição geográfica mundial, afetando sobretudo a população sexualmente ativa. A Organização Mundial de Saúde estima que surjam anualmente cerca de 12 milhões de novos casos clínicos no mundo.

Apesar da existência de antibioterapia acessível com elevada eficácia para o tratamento desta infeção, continua a ser um enorme e atual problema de saúde pública.

O diagnóstico laboratorial precoce da infeção por Treponema pallidum é de grande importância e melhora as hipóteses de uma resposta eficaz resposta positiva ao tratamento.

As técnicas passíveis de serem utilizadas apresentam uma eficácia diferenciada consoante o estádio da infeção, não existindo um único teste que permita o diagnóstico eficaz em todos os estádios do desenvolvimento da doença.

Métodos de deteção molecular integram o diagnóstico laboratorial. Dos vários métodos de biologia molecular existentes, o mais utilizado para o diagnóstico laboratorial de doenças infecciosas é a Técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Consiste na síntese de um fragmento de ADN, através de ciclos sucessivos de repetição, facilitando a multiplicação exponencial até que a quantidade suficiente do produto amplificado se acumula, possibilitando a deteção da bactéria.

Esta técnica tem elevada sensibilidade e especificidade pelo quedado que pode ser utilizada em diversos materiais biológicos, está sobretudo indicada para deteção das espiroquetas nas lesões primárias (orais) e em como fluídos biológicos, tais como nomeadamente soro, sangue e líquido amniótico e líquido cefalorraquidiano.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica