Andar melhora a irrigação cerebral, protege a próstata, ajuda a prevenir situações graves como o acidente vascular cerebral, reduz a duração das constipações, é um aliado na prevenção do aparecimento de varizes e da doença de Alzheimer e alivia os sintomas da menopausa. Estas são apenas algumas das descobertas publicadas recentemente sobre os benefícios que o exercício mais simples, acessível e barato do mundo oferece ao corpo e à mente.

As investigações científicas dos últimos anos mostram que os seus efeitos positivos aumentam se caminharmos ao ar livre ou utilizando o podómetro:

1. Defende-nos das constipações e gripes

David Nieman, representante do Instituto Americano de Medicina Desportiva, reviu uma série de estudos que permitem concluir que as pessoas que se exercitam 45 minutos, pelo menos quatro vezes por semana, faltam entre 25 e 50 por cento menos ao trabalho devido a gripes e constipações. «Esta redução ultrapassa, em grande escala, os benefícios oferecidos pelos medicamentos», revela David Nieman que acrescenta que «as investigações demonstraram que a atividade física leve a moderada fortalece o sistema imunológico».

Se já está constipado não se exceda. Não é preciso correr, apenas caminhar, já que o exercício moderado não é prejudicial quando se está constipado e congestionado. Se existirem outros sintomas para além de mucosidade, como a sensação de peito pesado, dores de cabeça e corporais ou febre, deve repousar de imediato.

2. Ajuda a evitar varizes

A Sociedade Espanhola de Angiologia e Cirurgia Vascular (SEACV) lançou uma recomendação médica baseada nas últimas investigações sobre doenças vasculares e circulatórias. Caminhar diariamente ajuda a reduzir as consequências e evitar o aparecimento de novas varizes. «Caminhar é o exercício mais benéfico para a circulação venosa, desde que se pratique regularmente e com o calçado apropriado», refere.

«A planta dos pés contém inúmeras veias, pelo que, cada vez que caminhamos, o pé funciona como uma bomba que impulsiona o sangue para cima, favorecendo o retorno venoso», revela ainda aquela entidade. Os especialistas da SEACV recomendam, especialmente, que se ande descalço à beira-mar, já que a frescura da água do mar tem uma ação vasoconstritora que aumenta o tónus venoso.

Outra das recomendações é evitar as fontes de calor (cimento, asfalto, calçada, em épocas de calor) porque favorecem a dilatação das veias. Os especialistas deste organismo sugerem ainda que se refresquem as pernas com jatos de água fria para aliviar a sensação de peso e dor.

3. Protege o cérebro

«Os padrões de conexão entre neurónios diminuem conforme vamos envelhecendo, mas caminhar pode fomentar a conectividade dos circuitos cerebrais, inclusive em idades avançadas, entre os 60 e os 80 anos», pode ler-se. A conclusão é de um trabalho dirigido por Arthur F. Kramer, da Universidade do Illinois, nos EUA. A investigação constatou que no caso das pessoas que faziam caminhadas regularmente, passado 12 meses, as redes neuronais tornavam a conectar-se «até obterem uma coerência entre as regiões do cérebro semelhante à dos jovens na casa dos 20 anos».

Quando se caminha, o cérebro reúne informação de diversas fontes, nomeadamente os dados visuais e auditivos do ambiente por onde andamos e os produzidos pelas articulações e músculos (relativamente à zona onde está o pé e à força que é necessária para se deslocar. Para aumentar os efeitos da caminhada na plasticidade cerebral, convém andar em locais que ofereçam estímulos aos sentidos (parques e reservas naturais, por exemplo) e em diferentes terrenos, com desníveis, inclinações e por aí fora...

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4. Melhora a qualidade de vida na menopausa

De acordo com uma investigação da Universidade Laval, no Canadá, caminhar durante 45 minutos, várias vezes por semana, pode ajudar as mulheres na menopausa, que tendem a ganhar peso a mais nesta fase da vida, bem como as que estão próximas desta etapa ou começam a deixá-la para trás. Segundo Pascale Mauriège, responsável por este trabalho, «para além de ajudar a perder peso (até dois quilos em três meses) e gordura, reduzir a cintura e aumentar a massa corporal magra, este exercício de intensidade e frequência moderadas melhora o bem-estar geral».

Além disso, assegura «qualidade de vida, saúde, vitalidade, funcionamento físico e social, bem como o estado emocional e mental». Segundo Pascale Mauriège, «para obter benefícios, o programa de caminhadas deve ser mantido durante, pelo menos, 16 semanas e facilmente incorporado na vida quotidiana». Para isso, os 45 minutos de caminhadas podem ser divididos em passeios mais curtos e podem realizar-se não só ao ar livre como numa passadeira de ginásio.

5. Contraria o aparecimento de cancro

Dezenas de milhares de casos de cancros poderiam ser evitados por ano se as pessoas caminhassem, pelo menos, meia hora por dia a um passo leve, revela um relatório do Fundo de Investigação Mundial do Cancro (WCRF), no Reino Unido. Caminhar, que acelera o ritmo cardíaco e ajuda a controlar o peso, reduz o risco de cancro da mama e da próstata porque regula os níveis hormonais. No cancro do cólon pode acelerar o processo digestivo, reduzindo o tempo que as substâncias perigosas permanecem nos intestinos.

No homem que já sofre de um tumor prostático, caminhar reduz a mortalidade, o risco de recidiva e a necessidade de tratamento. Na mulher, as caminhadas diminuem o risco de cancro da mama depois da menopausa, mais do que a natação. Os maiores benefícios obtêm-se quando se caminha a um passo rápido ou vigoroso (de cinco a seis quilómetros/hora).

Esta velocidade, que a pode deixar ligeiramente sem fôlego, permite manter uma conversa e é suportável pela maioria das pessoas. Também funciona como programa aeróbio para manter o coração e os vasos sanguíneos saudáveis.

6. Ajuda a prevenir o AVC

Uma investigação recente realizada na Escola de Saúde Pública de Harvard, nos EUA, revela que as mulheres que caminham duas horas ou mais por semana ou as que costumam realizar uma caminhada a passo leve, de cerca de 4,8 km/hora têm um risco de acidente vascular cerebral (AVC) significativamente menor do que as que não caminham. Segundo Jacob R. Sattelmair, diretor do estudo, «as mulheres que andam a um ritmo ligeiro têm um risco de AVC 37% menor».

As excursões, os passeios e/ou o pedestrianismo, em ambientes naturais são ideais para evitar o acidente vascular cerebral. Quanto mais puro for o ar maior é a oxigenação que chega aos seus tecidos através do sangue e menor a quantidade de substâncias que oxidam o seu organismo e alteram as suas células.

Texto: Madalena Alçada Baptista