Médicos especialistas ouvidos pela revista Reader´s Digest desmontam uma dezena de mitos em torno das vacinas que têm sido difundidos na opinião pública, com especial incidência nos últimos anos, em que várias famílias tomaram posições radicais perante o uso desta medicação preventiva. Conheça os mitos e tome nota dos factos.

MITO: As vacinas podem causar efeitos colaterais terríveis
FACTO: As vacinas passam por testes rigorosos antes de ficarem disponíveis. Embora possam provocar alguns efeitos colaterais ligeiros, como hematomas ou uma leve indisposição, é extremamente raro registar-se um efeito colateral grave, afirma Jennifer Lighter Fisher, epidemiologista pediátrica hospitalar no Langone Medical Center, em Nova Iorque. “As vacinas são testadas em mais crianças e durante um período de tempo mais longo do que qualquer outro procedimento da mesma natureza”, garante a mesma especialista.

MITO: Algumas doenças são tão raras que a vacina não faz sentido
FACTO: Doenças como o sarampo e a poliomielite podem ser raras nos países mais industrializados, mas ainda existem noutras partes do mundo. “Basta um viajante não imunizado para trazer uma doença de outro país para casa”, afirma Eileen Yamada, médica de saúde pública e responsável pela área de imunologia do departamento de saúde pública da Califórnia. “Se os níveis de imunização caírem, os casos raros que existem podem multiplicar-se muito rapidamente”, diz. Mas há mais. Pacientes com cancro e recém-nascidos não podem ser vacinados, pelo que o cidadão comum deve fazê-lo e, assim, proteger-se a si, mas também aos restantes membros da comunidade.

MITO: Não vale a pena tomar a vacina contra a gripe porque o vírus está sempre a mudar
FACTO: Mesmo que apanhe uma estirpe de gripe diferente da contida na vacina, vai ficar menos doente do que se não se vacinar de todo. “Uma vez que há tantas estirpes diferentes a circular todos os anos, a eficácia da vacina contra a gripe é muitas vezes baseada numa combinação eficaz entre as estirpes da vacina e as que estão a circular na comunidade local naquele ano”, explica Eileen Yamada. “Mesmo assim, tomando a vacina contra a gripe, e se acabar por ser exposta ao vírus, é mais provável que os sintomas se revelem de forma bem mais suave.”

MITO: O sistema imunológico das crianças não pode lidar com mais de uma vacina de cada vez
FACTO: Receber várias vacinas diferentes ao mesmo tempo não causará quaisquer problemas de saúde duradouros, tal como não enfraquece o sistema imunitário infantil. “As crianças estão expostas a centenas de vírus e bactérias durante atividades normais, como comer e brincar”, afirma Eillen Yamada. “Ser vacinado não é um fardo para o sistema imunológico, nem mesmo para os bebés. Estudos recentes sugerem que o sistema imunológico pode até ficar mais forte com uma combinação de vacinas – provavelmente porque estas se destinam a diferentes ‘áreas’ do sistema imunológico que, de seguida, trabalham em conjunto”, afirma Fisher.

MITO: É mais provável ficar doente por causa de uma vacina do que devido ao meio-ambiente
FACTO: As vacinas são elaboradas a partir de germes mortos ou enfraquecidos, ou simples proteínas específicas deles retiradas, o que não vai provocar qualquer doença grave. Para ajudar o corpo a reconhecer e a combater a doença no futuro, o sistema imunológico terá a mesma resposta que apresentaria numa infeção real, mas o máximo que se verificará é um sintoma menor, por exemplo, uma febre passageira que é muito menos perigosa do que qualquer coisa que possa ‘apanhar’ no ar, explica Yamada.

MITO: As vacinas podem causar autismo
FACTO:
“Isso é absolutamente ridículo”, afirma Jennifer Lighter Fisher. O boato foi alimentado por um pequeno estudo cheio de falhas, de 1998, que examinou 12 crianças e não incluiu um grupo de controlo para identificar a causa dos seus sintomas. Uma investigação do jornal médico britânico BMJ descobriu que o principal autor do estudo tinha alterado as histórias médicas das crianças. Dez dos 13 autores originais do estudo retrataram-se formalmente mais tarde, e inúmeras investigações posteriores não encontraram qualquer ligação entre as vacinas e o autismo.

MITO: As taxas de doença estão a cair devido a mais saneamento e higiene, não às vacinas
FACTO: Nas últimas décadas, inúmeras taxas de doenças caíram após a introdução das respetivas vacinas, de acordo com o departamento de Saúde e Recursos Humanos dos EUA. Não importa o quão diligente se é em relação à lavagem das mãos; está-se a limpar os germes depois de ter sido exposto, não a criar-se imunidade. “Embora a boa higiene seja muito importante para ajudar a evitar a propagação de doenças, os germes continuam a fazer das suas se não forem combatidos de forma mais eficaz”, defende Yamada.

MITO: Se já estou constipado não vale a pena vacinar-me
FACTO:
As vacinas não agravarão uma doença ligeira. “O sistema imunológico é muito mais forte do que as pessoas pensam”, afirma Jennifer Fisher. Mesmo as crianças com febre baixa, tosse, corrimento nasal, infeção de ouvido ou diarreia ligeira podem ser vacinadas sem que os seus sintomas se agravem, de acordo com os centros de controlo de doenças. Mas no caso de se ter um problema crónico de saúde ou uma doença grave é melhor conversar com o médico.

MITO: As vacinas garantem 100 por cento de imunidade
FACTO:
As vacinas não são 100 por cento eficazes, mas andam lá perto. “As vacinas infantis protegerão mais de 95% dos vacinados”, garante Fisher. Para os 1 a 5 por cento que não desenvolvem imunidade, uma segunda dose aumenta a proteção para quase 100 por cento, afirma a mesma médica.

MITO: As vacinas contêm mercúrio e isso é perigoso
FACTO:
A maior preocupação é o metilmercúrio, mercúrio venenoso que pode danificar o sistema nervoso central, mas que não é usado em vacinas. Mesmo assim, o etilmercúrio (mais fraco) foi retirado das vacinas infantis em 2001 para eliminar qualquer preocupação.

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