O número de pessoas obesas e com excesso de peso está a aumentar em todo o mundo e Portugal não é exceção. Estima-se que existam 900 mil indivíduos nessa situação. Os erros alimentares são comuns à maioria, bem como o sedentarismo provocado não só pelas limitações físicas mas também pela vergonha de expor o corpo num ginásio.Foi a pensar nestas pessoas que cadeias de ginásios como o Holmes Place promovem programas de emagrecimentos como o Peso Vital, uma iniciativa que, como explica José Luís Branco, coordenador de nutrição do programa, «combina o exercício físico adaptado às necessidades e objectivos individuais, com um plano alimentar específico, suportado por acompanhamento médico».
O público-alvo do Peso Vital são as pessoas com um índice de massa corporal maior que 30 e o objetivo deste programa é recuperar a saúde e a qualidade de vida, através da perda de peso e da adopção de hábitos saudáveis. «Identificamos as necessidades específicas conde cada indivíduo e os seus objetivos. Criamos um plano multidisciplinar que integra ferramentas psicológicas, integração social, plano nutricional, análises clínicas e apoio médico», refere o nutricionista.
Em projetos como este, que vão ser complementados, revistos e reformulados ao longo do tempo, juntam-se ao Holmes Place profissionais especializados, como já sucedeu com a equipa médica de especialistas do Grupo HPP Saúde e a fisiologista Teresa Branco, na altura ainda à frente da Clínica Metabólica, formando uma equipa de nutricionistas e psicólogos. «Pretendemos alterar o paradigma de vida dos seus participantes, a sua relação consigo próprios e a sua maneira de encarar a vida», realçou, na altura de apresentação da iniciativa, o nutricionista.
Primeiro a saúde
O passo inicial é a realização «de uma avaliação direcionada para pessoas obesas que, através de um questionário clínico e respectiva aferição do Índice de Massa Corporal, da realização de análises e de um electrocardiograma, permite despistar condições limitativas da prática desportiva», explicou também Victor Gil, coordenador da Unidade Cardiovascular do Hospital dos Lusíadas. Para o cardiologista, essa análise «poderá identificar doenças subjacentes ou associadas, bem como estabelecer a necessidade de tratamentos adicionais, como por exemplo para a hipertensão, diabetes ou colesterol elevado», já que «a obesidade está fortemente associada ao risco de desenvolvimento de certas doenças, sobretudo articulares, oncológicas e cardiovasculares», acrescenta.
Exercício físico
Depois da análise médica, dá-se então início ao treino físico «orientado pelas bases de rigor científico do American College of Sports Medicine», como realça José Luís Branco. Todas as pessoas terão à sua disposição «personal trainers com formação específica que vão acompanhar não só as actividades físicas mas ainda manter um controle sobre a nutrição, criando um estreito contato motivacional com cada um dos participantes», explica o nutricionista. O programa realiza-se ao longo de um ano e vai progredindo e sendo adaptado conde forme o progresso individual de cada participante. «Uma das nossas apostas são treinos outdoor e actividades lúdicas exteriores, para estimular os participantes a adoptarem um novo estilo de vida para além das paredes do ginásio», aponta José Luís Branco.
Metas a atingir
Não é possível generalizar o peso mínimo e máximo que as pessoas que se inscrevam no programa podem perder, até porque, na maioria dos casos, o objetivo é atingir um peso próximo do normal. No entanto, «as situações são muito diversas. Em alguns casos, há distúrbios hormonais que é preciso corrigir. Noutros, há um evidente excesso alimentar. Existem ainda outras situações em que os erros nutricionais são mais no que toca a qualidade e não tanto a quantidade dos alimentos ingeridos», alerta o cardiologista.
Em todos os casos vai haver, sim, «um balanço positivo entre as calorias que se ingerem e as que se consomem, pois sabe-se que o sedentarismo e a falta de hábito de exercício físico têm um papel muito importante em muitos casos», afirma Victor Gil. O cardiologista revela ainda que uma perda de peso de apenas dez por cento é acompanhada de uma diminuição substancial do risco cardiovascular, com redução dos valores da pressão arterial, do açúcar e colesterol no sangue.
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O peso da motivação
José Luís Branco, coordenador de nutrição do Peso Vital, considera que a componente motivacional é fundamental para o sucesso deste programa:
- Os treinos sejam em grupo e possam ter lugar fora do ginásio.
- Os amigos e familiares possam participar nas actividades outdoor para que a perda de peso seja partilhada pelo universo social de cada pessoa.
- Os personal trainers tenham um papel fundamental, porque funcionam como o elemento motivador que estimula e acompanha cada pessoa, garantindo que o entusiasmo e a dedicação dos participantes se mantém elevado.
A aplicação do plano nutricional
1. Durante a primeira semana de acompanhamento, cada indivíduo elabora um diário alimentar
2. Depois de analisados os hábitos pré-existentes, serão dadas orientações que irão mudá-los progressivamente, tendo como base os erros e os gostos pessoais.
3. A palavra de ordem é o equilíbrio. Não haverá alimentos proibidos mas os excessos serão banidos.
4. O número de refeições pode variar entre cinco a sete por dia.
Texto: Rita Caetano com José Luís Branco (nutricionista) e Victor Gil (cardiologia)
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