Entre os diferentes sintomas dos distúrbios da tiroide, as oscilações inexplicáveis de peso é um dos sintomas que mais frustração provoca nos doentes. A prática de exercício físico aliada à uma alimentação saudável nem sempre é suficiente. É necessário que a doença esteja devidamente controlada e o doente consciente das limitações e cuidados que a sua doença acarreta. Neste artigo iremos abordar o impacto que os problemas na tiroide podem ter no controlo do peso corporal.
É na glândula endócrina – denominada por tiroide e que está localizada na base do pescoço - que são produzidas as hormonas tiroideias (T3 e T4). A tiroide tem como função o controlo da velocidade das funções do nosso organismo e a regulação eficaz da temperatura corporal, mecanismo de cálcio, pressão arterial, frequência cardíaca, humor, metabolismo e o peso corporal.
É complexo explicar o impacto que o metabolismo pode ter no peso corporal, uma vez que ainda não existe consenso entre a comunidade científica. Para além disso, é difícil explicar a interligação que existe entre a taxa metabólica basal, as alterações de peso e o equilíbrio energético. É crucial termos em mente que para além das hormonas tiroideias, outras hormonas, proteínas e ações químicas que ocorrem no nosso organismo desempenham um papel igualmente relevante na gestão do gasto energético e interagem também com os nossos centros cerebrais. Como tal, também afetam o controlo do peso corporal. Em suma, é impossível prever por exclusivo o impacto que as alterações na tiroide têm no nosso peso.
A medição da taxa metabólica basal era um dos primeiros exames realizados para avaliar o funcionamento da tiroide, uma vez que através da mesma é possível identificar os dois tipos mais comuns de problemas na tiroide - o hipotiroidismo e o hipertiroidismo.
No primeiro caso – hipotiroidismo– a tiroide torna-se hipoativa e existe um défice na produção das hormonas tiroideias, traduzindo-se na diminuição da taxa metabólica basal. Quanto mais grave e descontrolada estiver a doença, maior é probabilidade de a mesma provocar o aumento de peso, uma vez que o organismo passa a funcionar de forma mais lenta. Sabe-se que o incremento do peso não se cinge por exclusivo à produção de gordura, mas sim a uma maior retenção de líquidos e de sal, o que pode provocar maior inchaço corporal. Realçamos que o hipotiroidismo é a patologia mais comum entre os distúrbios da tiroide e o seu tratamento é feito através da administração de levotiroxina, que corresponde à hormona T4 (tiroxina) sintetizada em laboratório.
No caso das pessoas com hipertiroidismo, a tiroide produz quantidades excessivas de hormonas tiroideias, o que acelera o funcionamento do metabolismo. Tal como no caso anterior, perante uma pessoa com hipertiroidismo por diagnosticar e nos casos mais críticos, é possível denotar a perda de peso. Após a gestão correta da doença, através de tratamentos com fármacos anti-tiroideus de síntese, iodo radioativo ou a remoção cirúrgica da glândula tiroideia, o doente consegue gerir melhor o seu peso.
Para um melhor controlo deste sintoma da doença, aconselhamos sempre uma dieta equilibrada e adaptada ao seu problema na tiroide e a prática regular e controlada de exercício físico.
Um artigo da médica Maria João Oliveira, especialista em Endocrinologia e membro do Conselho Consultivo e Científico da Associação das Doenças da Tiróide (ADTI).
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