Sem calorias e mais natural. Basta provarmos uma vez par a sabermos que gostamos do seu sabor. A apetência para o açúcar é inata, porém, o seu consumo excessivo, associado ao aparecimento de doenças como a diabetes e a obesidade, tem levado a indústria alimentar a procurar alternativas que permitam manter o sabor doce dos alimentos sem afetar a saúde. Nas últimas décadas, foram lançados adoçantes sintéticos sem calorias, com o aspartame a liderar o mercado.
E, com eles, a polémica em torno dos seus eventuais efeitos secundários. A busca por uma alternativa natural tornou-se cada vez mais apetecível. Pouco antes de 2010 surgiu o stevia, o novo aliado de qualquer dieta. Ingrediente natural, a stevia rebaudiana Bertoldi ou, simplesmente, stevia é uma planta oriunda da América Central e do Sul. «Os índios já usavam as folhas deste arbusto para adoçar bebidas», refere Alva Seixas Martins, nutricionista.
Como alternativa ao açúcar, a stevia tem três grandes atributos. Não provoca cáries, «é 200 ou 300 vezes mais doce e, portanto, é utilizada em quantidades tão pequenas que o valor calórico é desprezível», explica a especialista. Também apresenta vantagens em relação aos adoçantes artificiais, pois «é eventualmente o edulcorante sem valor calórico mais natural», conclui.
O mais desejado
No início, a stevia era comercializada em poucos países. O Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia foram dos primeiros. No Japão, foi de imediato adoçante mais vendido do mercado e, em dezembro de 2008, a Food and Drug Administration (organismo que regula a comercialização de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos da América) reconheceu a stevia como ingrediente GRAS (generally recognized as safe), um ingrediente seguro para consumo. Coca-Cola e Pepsi já o utilizam nos seus produtos.
A França foi, durante algum tempo, o único país europeu onde se podia encontrar stevia, sob a forma de adoçante (em pó e em xarope). A sua utilização enquanto ingrediente dependeu numa fase inicial da aprovação científica da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, mas seria concedida pouco tempo depois. «A Europa recusou a sua entrada em 1999 porque não havia provas de que não fosse tóxica», recorda Alva Seixas Martins.
«Entretanto, vários organismos deram um parecer favorável e pensa-se que será aprovada, ainda este mês, na revisão da legislação dos edulcorantes», referia, em março de 2010, a nutricionista. Tal sucederia pouco tempo depois de se apurar que o seu consumo era seguro. «Foi estipulado um valor de segurança, de até 4 mg por quilo de peso, que equivale a 240 mg por dia para uma mulher de 60 quilos e que corresponde a 70 g de açúcar», diz Alva Seixas Martins.
Respeitando este limite, o consumo de stevia não tem contraindicações. «Pode ser consumido por crianças, grávidas e diabéticos», assegura a especialista. Mais de 200 estudos levados a cabo nos últimos anos concluíram ainda que as pessoas que andam a seguir regimes hipocalóricos para a perda de peso também podem recorrer a esta substância. Os japoneses foram os primeiros a integrá-la, com êxito, nos circuitos comerciais.
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Possibilidade de receitas mais light
Apesar de já se poder calcular a quantidade de stevia necessária para substituir o açúcar, não é assim tão simples adaptar receitas. «Como é utilizada em quantidades muito pequenas, o volume altera e é necessário fazer outras adaptações», explica a nutricionista Alva Seixas Martins. Mais simples é, por isso, utilizá-la «para adoçar bebidas, polvilhar alimentos ou usar em sobremesas frias, em que o açúcar não é necessário para dar volume, como a mousse, a gelatina e as sobremesas que a contêm, como a bavaroise», diz ainda a especialista.
Tabela de equivalências
1 copo de açúcar = 1 colher (chá) de stevia em pó ou em xarope
1 colher (sopa) de açúcar = 1/4 de colher (chá) de stevia em pó ou 6 a 9 gotas de stevia em xarope
1 colher (chá) de açúcar = 1 pitada ou 1/16 colher (chá) de stevia em pó ou 2 a 4 gotas de stevia em xarope
Texto: Vanda Oliveira com Alva Seixas Martins (nutricionista)
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