Na introdução ao seu mais recente livro, “As Receitas da Dieta Perfeita”, sublinha que o termo dieta está muitas vezes associado a dor, privação, desânimo e carência. A Mariana já no seu livro anterior provava que não tem de ser assim. Pode explicar-nos?

A palavra dieta na nossa sociedade tem uma conotação negativa a qual associamos diretamente a perda de peso e “passar fome”. Contudo o termo dieta não é mais do que o conjunto de alimentos e bebidas ingeridos usualmente por uma pessoa. A palavra dieta tem origem no latim diaeta, que vem do grego díaita, que significa "modo de vida".

Assim sendo, a nossa dieta deve ser exatamente isso, um modo de vida saudável - para isso é fundamental variar, diversificar, saborear e ter prazer naquilo que fazemos.

Os alimentos açucarados e o fast food podem dar uma sensação de prazer no imediato, mas a médio e longo prazo, se estivermos atentos ao nosso corpo, percebemos que nos intoxicam, nos deixam menos enérgicos e que prejudicam o nosso corpo. Pelo contrário, uma alimentação equilibrada, o comer várias vezes no decurso do dia, pouco de cada vez, e os alimentos realmente nutritivos como os legumes, peixe, fruta, dão-nos uma sensação de leveza, de equilíbrio e por incrível que pareça dão-nos muito mais energia.

Quais são os princípios que devemos seguir para uma dieta perfeita?

Para além dos 16 pilares de uma alimentação saudável que descrevo no meu primeiro livro (“A Dieta Perfeita”/edição Nascente), considero que a moderação e o equilíbrio quantitativo e qualitativo são fundamentais. Os pilares passam por comer várias vezes ao dia, pouco de cada vez, tomar sempre o pequeno-almoço, reforçar a alimentação com legumes e saladas, manter o hábito da sopa.

Também muito importante é consumir duas a três peças de fruta por dia, preferir os cereais integrais, reduzir o consumo de açúcares simples, reduzir o consumo de gordura.

Acresce que devemos optar por gorduras saudáveis, não esquecer que o azeite apesar de ser saudável é uma gordura. Como tal há que ter moderação no consumo. Paralelamente, há que reduzir o consumo de sal.

Também na confeção dos alimentos, temos de escolher os métodos mais saudáveis, assim como evitar refeições pré-cozinhadas.

Restringir as carnes vermelhas, beber líquidos ao longo do dia e evitar ao máximo o consumo de sumos, néctares e refrigerantes, completam os 16 pilares de uma alimentação saudável.

Isto terá de ser adaptado a cada um dos casos, certo?

Claro que há uma base geral pela qual me rejo, mas quanto mais personalizado e adaptado for um plano alimentar, mais fácil é de seguir e mais a pessoa se identifica com a nova alimentação, adotando-a como sendo sua.

O sucesso para uma dieta é a persistência. Ou seja, não podemos encarar as dietas para emagrecimento apenas como um impulso de verão. Pode comentar?

Mais do que a persistência é a adoção de novos hábitos alimentares. Só quando encaramos a “dieta” como sendo a nossa alimentação normal e a seguimos sem esforço e em “modo automático” é que conseguimos resultados para a vida. Caso contrário será sempre um evento temporário na nossa vida.

Que objectivos norteiam o plano de propostas que integram este seu “As receitas da Dieta Perfeita”?

O objetivo do novo livro é, não só, apoiar e dar ideias de receitas saudáveis e saborosas a quem está a seguir um plano para emagrecimento, mas também fornecer receitas para quem simplesmente quer ser mais saudável e quer melhorar os seus hábitos alimentares e da sua família.

Felizmente, cada vez mais, perseguir uma alimentação saudável é uma preocupação que está presente nas pessoas independentemente do peso.

O objetivo do livro é mesmo esse, mostrar que é possível conciliar de forma prática, rápida e acessível a saúde e o sabor.

Saiba na próxima página quais são os melhores alimentos que a natureza nos disponibiliza

Na prática o que nos diz é que podemos comer melhor, mais saudável e sem perder sabor. É uma aliança difícil de alcançar? Pode dar-nos alguns exemplos práticos?

Não é difícil de todo. Pelo contrário. Temos de desmistificar a ideia que as comidas de dieta assentam apenas em cozidos e grelhados, sem tempero e sem sabor.

Temos à nossa disposição uma série de ingredientes que nos permitem diversificar e criar mil pratos `super` saborosos- Inclua na sua alimentação marisco, moluscos, ovos, toda a variedade de legumes, fungos, tubérculos, leguminosas, algas… e explore o mundo das ervas aromáticas, especiarias e temperos alternativos.

Verá como é possível cozinhar de forma saudável, sem abrir mão do sabor.

Quais são, em seu entender os melhores ingredientes que a natureza nos disponibiliza?

Todos os alimentos naturais, não processados, nos fornecem todos os nutrientes que necessitamos - fruta, legumes, ovos, carne, pescado, leguminosas.

Na sociedade moderna está a perder-se o hábito dos produtos frescos e os hipermercados têm uma panóplia de alternativas pré-feitas e “pronto a comer” que são uma tentação.

Mas não devemos esquecer nunca as origens. Dar preferência a todos os alimentos naturais em detrimento dos alimentos industrializados e processados.

E, pelo contrário, quais são genericamente os maiores erros alimentares que podemos cometer no nosso dia-a-dia?

Pelo que vejo nas minhas consultas os principais erros cometidos prendem-se com o tamanho das porções, que geralmente ultrapassa claramente as necessidades pessoais e o consumo abusado e recorrente de fast food, açúcar e produtos de pastelaria, snacks fritos e bolachas e biscoitos açucarados.

Estes abusos verificam-se não só na quantidade, como também na frequência, o que traz consequências nefastas para a saúde.

Estes alimentos podem fazer parte da nossa alimentação… mas devem ser a exceção e não a regra!

Que palavras de incentivo gostaria de deixar a quem pretende iniciar uma dieta alimentar?

Não vejam a dieta alimentar como um castigo ou como uma “fase má” a iniciar, encarem como uma oportunidade de mudança para ser melhor e mais saudável.

as receitas da dieta perfeita