O alho-francês (Allium ampeloprasum var. porrum) ou alho-porro, como muitos ainda lhe chamam, é um vegetal que pertence à mesma família das cebolas e dos alhos (Alliaceae). Foi inicialmente um legume utilizado pelos antigos egípcios, pelos gregos e pelos romanos, que, depois, o levaram para o resto da Europa. Em vez de formar um bolbo arredondado, como o alho comum ou a cebola, tem um formato diferente.

O alho-francês produz um longo cilindro de folhas encaixadas umas nas outras, que são esbranquiçadas na zona subterrânea. Esta é a parte mais utilizada na culinária. No entanto, a parte verde também pode ser utilizada como condimento para caldos e sopas. Este vegetal, rico em potássio e em vitaminas e minerais essenciais, pode também ser utilizado cru, em saladas, sobretudo quando é jovem e mais tenro.

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Para se conseguir ter a parte branca maior, é necessário proceder à amontoa, cerca de 30 dias antes da colheita. Tal operação consiste em soterrar a planta quase por completo. Mas, se não quisermos ter este trabalho, um bom mulching também produz efeito.

Para mim, hortelão de gema, uma das melhores qualidades do alho-francês é o ser muito fácil de cultivar e ser resistente a geadas, a pragas e a doenças.

Tem também a vantagem de ficar muito tempo na terra. Pode ser colhido durante quase todo o outono, o inverno e a primavera, à medida que vamos precisando. Além disso, o seu maravilhoso sabor e a quantidade de maneiras como pode ser utilizado na culinária fazem dele um legume indispensável em qualquer horta. As pessoas que sofrem de gota devem ingerir grandes quantidades deste legume, muito diurético.

Outros alimentos que favorecem a saúde cardíaca

Além de favorecer a eliminação do ácido úrico, também previne doenças cardiovasculares e até o cancro, como defende um estudo australiano tornado público pela University of Western Australia, em Perth, nos primeiros meses de 2018. Para além do alho-porro, a rúcula, a couve-flor, os brócolos, a couve-de-bruxelas, a couve, o nabo, os rabanetes e os agriões também integram a lista dos vegetais a privilegiar.

Plantar entre 150 e 200 mudas de alho-francês, o que pode conseguir numa pequena horta, é suficiente para abastecer um agregado familiar de três a quatro pessoas, os mais comuns em Portugal. Como se tudo isto não bastasse, no verão podemos ver despontar as suas lindas flores, que enfeitam a horta e as nossas casas e que, depois de secas, deixam facilmente cair as sementes que poderemos usar para novo cultivo.

Os cuidados de cultivo que o alho-francês exige

O alho-francês é um legume de crescimento lento que pode ficar na terra por muito tempo. Geralmente, faço a sementeira no início da primavera e, passado dois ou três meses, quando eles atingem 15 a 20 centímetros de altura, transplanto-os para um lugar definitivo, num local exposto e soalheiro, com terra rica, fértil e com uma boa drenagem. As plantas devem ter um espaçamento de 15 centímetros entre elas.

Faço uma cova profunda (com cerca de 15 centímetros) e planto o alho-francês, deixando de fora uns 5 centímetros de folhas verdes, de maneira a que a parte branca seja o maior possível. Para se obterem ainda melhores resultados, vá amontoando terra à medida que vão crescendo. A colheita, nas variedades mais comuns, pode ser feita mediante a necessidade desde o outono até ao fim da primavera.

Alho-francês previne doenças cardiovasculares

Para que o alho-francês se solte facilmente da terra, nos meses mais secos, regue abundantemente algum tempo antes de colher. Sabia que o alho-francês é mais suave que a cebola e é muito usado na culinária, sendo um ingrediente da famosa vichyssoise, uma sopa fria muito popular em França? É também um símbolo do País de Gales e um alimento muito utilizado neste país, fazendo parte dos rituais do Dia de São David.

Nessa altura, é tradição os galeses envergarem a planta. De acordo com a mitologia do país, São David ordenou aos soldados galeses que envergassem a planta nos seus elmos numa batalha contra os saxões que teria ocorrido num campo de alho-francês. É provável que esta história tenha sido concebida pelo poeta inglês Michael Drayton, mas a verdade é que esta planta é um símbolo deste povo desde épocas antigas.

Texto: José Arantes (autor do blogue Horta do Zé) e Luis Batista Gonçalves (edição digital)