“Desde o começo somos maltratadas”, disse Victoria Vigo, de 59 anos, esterilizada em Piura em 1996, uma das 1.317 queixosas nesta ação judicial iniciada em 2002, já arquivada e reaberta várias vezes.
Quando as vítimas esperavam que o juiz Rafael Martínez Vargas emitisse o seu veredicto preliminar sobre levar ou não os sete réus a julgamento criminal, entre eles Fujimori, o Judiciário surpreendentemente o retirou do caso e nomeou em seu lugar o juiz Littman Ramírez Delgado.
“Só queremos que esta tortura acabe”, disse a advogada María Ysabel Cedano, da ONG Demus, que deu uma conferência de imprensa para denunciar os novos atrasos juntamente com Victoria Vigo e a secretária executiva da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos, Jennie Dador.
270 mil peruanas esterilizadas
Estima-se que cerca de 270 mil peruanas pobres, muitas delas indígenas que não falavam espanhol, foram submetidas a cirurgias de ligadura de trompas, como parte do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva e Planeamento Familiar, implementado por Fujimori nos seus últimos quatro anos no poder.
O objetivo era reduzir a taxa de natalidade para impulsionar o desenvolvimento económico. Nessas cirurgias, morreram 18 mulheres, segundo dados oficiais.
O procurador Pablo Espinoza havia apresentado as acusações ao tribunal em março. E desde setembro, ao longo de oito audiências, o juiz Martínez traçou os fundamentos da tão esperada resolução.
Agora, queixosas, advogados e ativistas temem que a mudança de juiz represente um atraso de vários meses. "Um juiz não pode resolver algo que não conhece", apontou Cedano.
Fujimori e os seus colaboradores são denunciados como “autores indiretos de danos à vida e à saúde, lesões graves e violações graves dos direitos humanos”.
“Brincaram com as vidas e a saúde reprodutiva das pessoas, sem se importarem com os danos”, afirmou o procurador Espinoza em março.
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