De acordo com o Relatório do Progresso, do Departamento da Qualidade na Saúde da Direcção Geral da Saúde, que é hoje divulgado para assinalar o primeiro aniversário da Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde, nos hospitais onde este instrumento já foi introduzido a mortalidade está a diminuir.

Contactado pela agência Lusa, Miguel Soares Oliveira, responsável pela Qualidade Clínica e Organizacional do Departamento da Qualidade na Saúde, explicou que a sépsis tem uma taxa de mortalidade superior à do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e à do enfarte do miocárdio, sendo, por isso, "um problema de saúde pública".

A sépsis é uma doença infecciosa generalizada que se manifesta quando bactérias se espalham pelo corpo através do sangue, afectando órgãos vitais como o coração, rins, fígado e mesmo o cérebro, podendo levar à morte.

Em Portugal, a via verde da sépsis está implementada em oito hospitais: sete na Região Norte e um na Região Autónoma da Madeira, estando em curso a implementação desta medida também nos Hospitais da Universidade de Coimbra, adiantou Miguel Soares Oliveira, acrescentando que as Administrações Regionais de Saúde do Alentejo e do Algarve têm planeadas "acções de formação".

Soares Oliveira afirmou ainda que três dos oito hospitais que já têm via verde da sépsis forneceram registos sobre os resultados desta medida, tendo-se concluído que "uma mortalidade, que em todo o mundo andará nos cerca 40%, nestes três hospitais, após a implementação da via verde da sépsis, a mortalidade está nos 21,9%".

O responsável reconhece que "a incidência da sépsis está a aumentar", mas adiantou que está identificado um "conjunto de atitudes" que, se tomado "numa fase muito precoce da doença", pode reduzir "substancialmente" a sua mortalidade.

A via verde da sépsis, "algo completamente inovador no mundo", diz Soares Oliveira, pretende diagnosticar o mais rapidamente possível a doença: "Acreditamos que as medidas de identificação precoce - é isso que constitui a via verde - de um doente com sépsis à entrada de um serviço de urgência, no momento da sua triagem, e que o início precoce de medidas dirigidas de tratamento - como o antibiótico e a melhoria do seu estado circulatório geral - são fundamentais para reduzir a mortalidade", afirmou.

Quanto às causas da sépsis, elas "não estão claramente identificadas", sendo possível que estejam associadas ao "envelhecimento da população mundial, que se traduz em doentes com mais patologias, com menos resistências à doença e com maiores resistências aos antibióticos", explicou ainda Soares Oliveira.

A via verde da sépsis pretende não só reduzir a mortalidade desta doença mas também "reduzir o número de dias de internamento e a necessidade de cuidados intensivos", acrescentou o responsável.

Fonte: Diário Digital / Lusa

2010-06-29