O Expresso ‘online’ divulgou na semana passada a que a Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos propôs ao Governo o fecho do atendimento SOS em dois hospitais da Área Metropolitana de Lisboa e dois na área geográfica da Administração Regional de Saúde do Centro: as urgências obstétricas de Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa), Barreiro (Setúbal), Covilhã (Castelo Branco) e no concelho de Castelo Branco.
O protesto foi promovido por comissões de utentes do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete, concelhos no distrito de Setúbal.
Para as comissões, que aprovaram uma moção durante a iniciativa, “a perda da valência de Obstetrícia põe em causa os direitos das mulheres, das famílias e o progresso social, e limita o acesso à saúde e ao bem-estar, num centro hospitalar que serve os municípios do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete e uma população de mais de 213 mil habitantes”.
“Num país com baixas taxas de natalidade, em que o Serviço Nacional de Saúde é o verdadeiro e único garante de acesso à saúde por todos, independentemente da sua condição socioeconómica, este encerramento obrigará à deslocação das grávidas para outros hospitais mais distantes, quando existe um centro hospitalar que serve e deve servir para essa função, sem colocar em risco as mães e os seus bebés”, refere a moção.
Os utentes exigem que o Serviço de Obstetrícia no CHBM não seja encerrado e que a Comissão de Resposta em Urgência de Ginecologia, Obstetrícia e Bloco de Partos e o ministro da Saúde evitem o desmantelamento deste serviço.
Aos autarcas dos quatro concelhos, exigem que se insurjam contra este encerramento e defendam as suas populações. Neste centro hospitalar, segundo as comissões de utentes, nascem 140 crianças por mês.
“Queremos que as gerações futuras, os nossos filhos, sobrinhos e netos possam aqui nascer. Por isso é que a luta é tão importante. Não desistiremos deste serviço tão importante para a zona e para um país com as mais baixas taxas de natalidade da Europa”, disse Jéssica Pereira, da Comissão de Utentes do Barreiro.
No protesto participaram também os vereadores da CDU da Câmara Municipal do Barreiro (liderada pelo socialista Frederico Rosa), a deputada e líder da bancada parlamentar do PCP, Paula Santos, e o coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal, Luís Leitão.
A vereadora Mónica Duarte congratulou os presentes por participarem num protesto em defesa de um bem para todas as famílias dos quatro concelhos, enquanto Paula Santos referiu que este centro hospitalar tem sido sempre desvalorizado com a perda sucessiva de valências.
“Esta maternidade faz falta e tem de se manter aberta”, disse Paula Santos, defendendo ainda a valorização dos profissionais de saúde de todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Luís Leitão alertou também para a necessidade de uma aposta na valorização dos profissionais de saúde do SNS, considerando inadmissível que exista nos hospitais quem ganhe o salário mínimo nacional.
Na sexta-feira passada, o presidente da Câmara da Moita, Carlos Albino (PS), disse, em declarações à agência Lusa, que pediu, juntamente com os autarcas do Barreiro, Montijo e Alcochete, uma audiência ao ministro da Saúde para manifestar a importância da maternidade do Barreiro para as populações.
“Todos reconhecemos a importância destes serviços e tudo faremos para que permaneçam abertos, e é isso que significa o pedido da reunião. Queremos estar do lado da solução, mas importa sensibilizar quem decide para a importância do equipamento, porque uma análise fria dos números não permite este conhecimento”, afirmou.
No mesmo dia, o ministro Miguel Pizarro disse que as decisões sobre o eventual encerramento de maternidades serão anunciadas “daqui a alguns meses” e terão “toda a sustentação técnica”.
Na quinta-feira, Pizarro já tinha referido que o Governo não irá fechar qualquer Serviço de Obstetrícia e blocos de partos nos hospitais do SNS até ao final do ano, decisão que só será tomada no início de 2023.
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