De acordo com um comunicado conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a imunização infantil global começou a recuperar, após o retrocesso causado pela pandemia, indicam os mais recentes números de referência das vacinas contra difteria, tétano e tosse convulsa (DTP).
Os dados hoje publicados pelas duas organizações mundiais “revelam sinais promissores de recuperação dos serviços de imunização em alguns países”, mas a cobertura “fica ainda aquém dos níveis pré-pandemia, colocando as crianças em risco elevado de surtos de doenças”.
Dos 73 países que registaram diminuições substanciais na cobertura durante a pandemia, 15 recuperaram os níveis pré-pandemia, 24 estão a recuperar e, “o mais preocupante, 34 estagnaram ou continuaram a diminuir”, segundo os dados da OMS e da UNICEF.
Em 2022, 20,5 milhões de crianças não receberam uma ou mais vacinas administradas através dos serviços de imunização de rotina, em comparação com 24,4 milhões de crianças em 2021, indicam.
Apesar desta melhoria, o número continua a ser superior aos 18,4 milhões de crianças que ficaram sem vacinação em 2019, antes das interrupções relacionadas com a pandemia, indicam as organizações internacionais, defendendo a “necessidade de esforços contínuos de recuperação e de fortalecimento do sistema”.
Das 20,5 milhões de crianças que não receberam uma ou mais doses da vacina DTP em 2022, 14,3 milhões não receberam nenhuma dose, designadas por “dose zero”.
Este número representa uma melhoria em relação aos 18,1 milhões de crianças “dose zero” em 2021, mas continua a ser superior aos 12,9 milhões de crianças em 2019, apontam os dados do relatório.
“Estes dados são encorajadores e representam uma homenagem àqueles que trabalharam arduamente para restaurar os serviços de imunização vitais, após dois anos de declínio sustentado na cobertura de imunização”, sublinha Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, no comunicado.
No entanto, considera que “as médias globais e regionais não contam a história completa, e mascaram desigualdades graves e persistentes” nalguns países, com o progresso a verificar-se sobretudo em nações “com bons recursos e populações infantis grandes, como a Índia e a Indonésia”.
Esses valores “disfarçam a recuperação mais lenta ou mesmo o declínio contínuo na maioria dos países de baixo rendimento, especialmente para a vacinação contra o sarampo”, alerta o responsável no comunicado conjunto.
Na vacinação contra o sarampo — um dos patógenos mais infecciosos — não se verificou uma recuperação tão positiva como aconteceu com outras vacinas, colocando mais 35,2 milhões de crianças em risco de infeção por sarampo, indicam os dados das organizações internacionais.
“Por detrás da tendência positiva, há um alerta grave”, afirma também no comunicado Catherine Russell, diretora executiva da UNICEF, defendendo a “urgência de fortalecer esforços para chegar a mais crianças e prevenir mortes, porque os vírus, como o sarampo, não reconhecem fronteiras”
Os dados indicam que o Sul da Ásia, que registou aumentos graduais e contínuos na cobertura na década anterior à pandemia, “demonstrou uma recuperação mais rápida e robusta do que as regiões que sofreram declínios prolongados, como a América Latina e as Caraíbas”.
A região africana, “que está atrasada na recuperação, enfrenta um desafio adicional: com o aumento da população infantil, os países precisam de expandir os serviços de imunização de rotina todos os anos para manter os níveis de cobertura”.
Pela primeira vez, a cobertura vacinal contra o HPV [Vírus do Papiloma Humano] ultrapassou os níveis pré-pandemia, tendo os programas de vacinação alcançado o mesmo número de raparigas em 2022 do que em 2019.
A OMS e a UNICEF referem ainda que várias entidades estão a trabalhar para acelerar a recuperação em todas as regiões, e em todas as plataformas de imunização através de uma campanha global que apela aos governos para chegaram às crianças que não foram vacinadas durante a pandemia.
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