Fernando Fortes esperou dois meses por uma consulta no Hospital São José que hoje não terá devido à greve dos médicos, mas não se importa pois está solidário com a luta contra um Governo que “trata as pessoas como não gente”.

Numa sala de espera anormalmente vazia, este utente, 73 anos, doente de urologia no Hospital de São José, em Lisboa, aceitou, sem questionar, o adiamento da consulta.

“Se não for atendido vou para casa [em Massamá Norte]. Não me importo porque sei bem o que estão a fazer aos médicos e aos enfermeiros. Eles querem acabar com o Serviço Nacional de Saúde, o que seria uma tragédia para os que dele precisam”, disse à Lusa, com lágrimas nos olhos.

Igualmente solidário com a luta dos clínicos – que hoje cumprem o primeiro de dois dias de greve – está Joaquim Berto, também com 73 anos, que, apesar de ir ter a sua consulta, fez questão de salientar que compreendia se tal não acontecesse.

“Se não fosse atendido ia-me embora, na mesma, satisfeito. Os médicos têm razão, o ministro é que não. Onde é que já se viu pagar quatro euros à hora”, comentou.

Neste hospital, um dos que compõem o Centro Hospitalar de Lisboa Central, a adesão à greve ronda os 90 por cento, segundo contas de Pilar Vicente, dirigente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

Esta médica e sindicalista avança que os blocos operatórios não estão a funcionar e que são muito poucas as consultas externas que estão a ser feitas.

Tendo em conta as primeiras horas da greve, Pilar Vicente considera-a, para já, um sucesso.

Da parte da administração do hospital não há dados, apenas a garantia de que, dentro de uma semana, todos os doentes que não foram atendidos hoje por causa da greve terão as consultas remarcadas.

11 de julho de 2012

@Lusa