A “Marcha pelo Direito à Saúde” é organizada pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN), Federação Dos Sindicatos Da Função Pública (FNSTFPS), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (STSS), Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).
Em declarações hoje à agência Lusa, o coordenador da FNSTFPS e da Frente Comum, Sebastião Santana, disse que a degradação do SNS “tem-se acentuado muitíssimo” nos últimos anos.
“Entendemos que se está a chegar a um ponto sem retorno para o Serviço Nacional de Saúde. Ou o Governo altera a política que tem e investe de forma séria no Serviço Nacional de Saúde ou as populações perdem um serviço que é uma conquista de Abril”, realçou.
De acordo com o dirigente sindical, a iniciativa já conta com a adesão de “dezenas de associações de utentes” de todo o país e pretende envolver os trabalhadores do SNS e a sociedade.
Segundo a organização da marcha, citada em comunicado, é exigida "a alteração de uma política de saúde que tem como consequência 01 milhão e 600 mil utentes sem médico de família, o encerramento de serviços de saúde, a manutenção de extensas listas de espera para consultas, cirurgias e tratamentos, a carência de camas de internamento nos hospitais bem como de cuidados continuados e o congestionamento das urgências hospitalares por falta de outra alternativa para as populações”.
Para os organizadores, não é no setor privado que se encontra a solução para o direito à saúde dos portugueses, indicando ser necessária “uma forte resposta de toda a população e dos trabalhadores” no SNS.
À Lusa, Sebastião Santana explicou que as políticas de investimento têm falhado.
“O Governo ainda neste Orçamento do Estado – em vigor – atribui 14 mil milhões de euros ao SNS, sendo quase metade deste valor vai direto para rubrica que se chama aquisição de serviços, ou seja, paga muitos milhares de milhões de euros a privados para fazer serviços que ele próprio podia fazer”, analisou.
No sentido oposto, segundo o sindicalista, o Estado não “investe nos cuidados de saúde primários nem na prevenção da doença”.
“Temos um SNS muito mais orientado para tratar do que para prevenir. O investimento na prevenção é ridiculamente pequeno e isso depois tem consequências na saúde das populações e na necessidade de serviços mais diferenciados”, sublinhou.
Sebastião Santana alertou ainda para a “desvalorização completa” dos trabalhadores na área da saúde e para “as carreiras foram destruídas”.
“Os direitos dos trabalhadores não são assegurados nem reforçados, o que faz com que estes trabalhadores saiam” do SNS, sublinhou.
Exigindo uma política que “respeite os profissionais e garanta o direito à saúde”, as forças sindicais lembram que a “Marcha pelo Direito à Saúde” vai sair do Campo Pequeno, em Lisboa, às 15:00, do Hospital de São João, no Porto, às 15:00, e do Centro de Saúde Fernão de Magalhães, em Coimbra, às 11:00.
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