A Comissão de Utentes de Saúde de Torres Vedras acusou o Ministério da Saúde de estar a cortar no orçamento do Centro Hospitalar há dois anos, tirando assim qualidade aos serviços, para agora argumentar que têm de fechar.

Segundo a comissão, que cita dados da proposta de reorganização hospitalar da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), o Governo cortou nove milhões de euros entre 2010 e 2011 no orçamento do Centro Hospitalar de Torres Vedras (CHTV) e prevê cortar oito por cento em 2012.

Em 2010, as transferências do Estado foram de 38,7 milhões de euros, de um orçamento total de 46 milhões, enquanto em 2011 ficaram reduzidas a 29 milhões, de um total de 31 milhões.

"O CHTV conseguiu diminuir os custos em 10 por cento, cerca de cinco milhões de euros, mas é impensável garantir as mesmas respostas. Como o endividamento é insustentável e os serviços degradam-se, promove-se o encerramento de valências", afirmou em conferência de imprensa José António Santos, elemento da comissão.

De igual modo, referiu, os recursos humanos afetos ao quadro de pessoal do hospital têm sido reduzidos, "obrigando à contratação de profissionais externos com custos muito elevados e condições de integração e de qualidade de desempenho inferiores".

Segundo a comissão, existem apenas 66 médicos com vínculo à instituição e 120 contratados, enquanto do lado dos enfermeiros 182 pertencem ao quadro e 139 são contratados.

A comissão já reuniu mais de mil assinaturas num abaixo-assinado que lançou há menos de um mês contra o encerramento da urgência médico-cirúrgica, pediátrica e obstétrica em Torres Vedras.

O documento vai ser enviado à Assembleia da República, com pedidos de audiência aos diversos grupos parlamentares, com o intuito de o assunto vir a ser discutido em plenário.

Uma proposta da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) prevê a transformação da urgência médico-cirúrgia do Centro Hospitalar de Torres Vedras (CHTV) em básica, mantendo-se a urgência médico-cirúrgica das Caldas da Rainha.

Além disso, a ARSLVT pretende encerrar o bloco de partos e a urgência pediátrica em Torres Vedras, concentrando estes serviços nas Caldas da Rainha, que, por sua vez, perde a ortopedia e a cirurgia em prol de Torres Vedras.

A região Oeste é servida pelo Centro Hospitalar Oeste Norte (Caldas da Rainha), que abrange os concelhos de Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos e Peniche, e pelo Centro Hospitalar de Torres Vedras, que serve o Cadaval, Lourinhã, Torres Vedras e parte do concelho de Mafra.

14 de março de 2012

@Lusa