“Um inquérito recente da World Lupus Federation revela dados alarmantes sobre a utilização destes medicamentos anti-inflamatórios e o impacto que têm na vida dos doentes. O estudo demonstra que 91% dos doentes com lúpus usam ou usaram corticoides de forma habitual, sendo que 3 em cada quatro (75%) tomam há mais de um ano e 27% (mais de um em cada quatro) há mais de uma década”, informa Associação de Doentes com Lúpus (ADL). A mesma fonte informa que “esta realidade traduz-se num risco significativamente aumentado de efeitos secundários graves, como diabetes, problemas cardíacos e osteoporose. Esse é, aliás, um dos maiores receios da comunidade de pessoas com lúpus: 96% expressam preocupação e sublinham a necessidade de discutir opções terapêuticas com o seu médico assistente”.
"Apesar dos avanços da medicina, o tratamento do lúpus ainda apresenta desafios significativos para os doentes, nomeadamente no que toca aos efeitos secundários da medicação mais comummente utilizada, os anti-inflamatórios. Este inquérito realça a importância de oferecer aos doentes com lúpus outras opções terapêuticas, que minimizem os efeitos secundários e permitam uma melhor qualidade de vida a longo prazo. A informação, o diálogo entre médico e doente e um diagnóstico precoce são essenciais para alcançar este objetivo", afirma Rita Mendes, presidente da ADL.
No estudo já citado, “60% dos inquiridos relataram ter experienciado, pelo menos, um efeito colateral grave, incluindo diabetes, problemas cardíacos e osteoporose. Um dado particularmente preocupante é que 43% dos inquiridos admitem tomar doses diárias de corticoides superiores à dose de manutenção recomendada, o que aumenta exponencialmente o risco de complicações”.
O Professor José Alves, diretor da unidade de doenças imunomediadas sistémicas do Hospital Fernando Fonseca, alerta: "Sabemos que os corticoides são uma espécie de empréstimo a prazo, em que os juros vão aumentando muito com o tempo. É fundamental que os doentes sejam informados sobre os riscos e benefícios da medicação e que sejam exploradas todas as alternativas terapêuticas disponíveis".
A necessidade de partilha de informação e de uma abordagem terapêutica mais personalizada é, aliás, sublinhada pelo inquérito: “cerca de 39% dos doentes não se sentem envolvidos nas decisões sobre o seu tratamento, o que pode contribuir para a frustração e para a diminuição da adesão à terapêutica”.
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