Os fundos, o equivalente a cerca de 8,3 mil milhões de euros, deverão alcançar um total de 327 milhões de pessoas, incluindo crianças, que precisam de ajuda em 145 países e territórios em 2022, indica a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
O apelo é superior ao do último ano em 24%, uma vez que as necessidades humanitárias continuam a aumentar, refere.
“Milhões de crianças em todo o mundo estão a sofrer os impactos de conflitos, de eventos climáticos extremos e da crise climática”, salientou a diretora executiva da Unicef, Henrietta Fore, citada num comunicado da organização.
Lembrando que são as crianças as mais afetadas em situação de crise, Henrietta Fore reforçou a necessidade de as ajudar urgentemente.
“À medida que a pandemia da covid-19 se aproxima do seu terceiro ano, a situação destas crianças agrava-se devido à instabilidade das economias e ao aumento da pobreza e da desigualdade”, alertou.
O apelo inclui dois mil milhões de dólares (cerca de 1,77 mil milhões de euros) para resposta da Unicef no Afeganistão, onde 13 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente.
Estas incluem um milhão de crianças com subnutrição aguda grave, numa altura em que o sistema de saúde do país está à beira do colapso.
O apelo para o Afeganistão é o maior de sempre do organismo das Nações Unidas para um único país.
Vão ser ainda atribuídos mais 933 milhões de dólares (cerca 826 milhões de euros) ao Acelerador de Ferramentas Covid-19 (ACT-A), um esforço global para acelerar o desenvolvimento, produção e acesso equitativo a testes, tratamento e vacinas contra o novo coronavírus SARS-CoV-2.
A Unicef lembrou que a pandemia continua a “criar disrupções na educação, saúde, nutrição e bem-estar das crianças em todo o mundo”.
“A Unicef irá precisar adicionalmente de 909 milhões de dólares [cerca de 805 milhões de euros] para a crise dos refugiados na Síria, 334 milhões de dólares [cerca de 295 milhões de euros] para a crise na Síria, 484 milhões de dólares [cerca de 428 milhões de euros] para a resposta no Iémen e mais de 356 milhões de dólares [cerca de 315 milhões euros] para programas na República Democrática do Congo”, adianta o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
A Unicef acrescenta que vai necessitar de 351 milhões de dólares (cerca de 311 milhões de euros) para continuar a salvar vidas na Etiópia, onde 15,6 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária. Violentos conflitos forçaram à deslocação de centenas de crianças no norte deste país africano.
“O apelo de financiamento deste ano, o maior de sempre da Unicef, surge também num contexto de escalada de conflitos que têm conduzido milhões de crianças e as suas comunidades para o precipício. Os ataques a crianças que vivem em países em conflito, incluindo ataques a infraestruturas civis críticas para a sobrevivência das crianças, prosseguem a um ritmo alarmante”, sustenta o organismo.
De acordo com a Unicef, em 2021 foram confirmadas cerca de 24 mil violações graves contra crianças, ou seja, 72 violações por dia.
“Também as alterações climáticas estão a agravar a dimensão e a intensidade das emergências. O número de catástrofes relacionadas com o clima triplicou nos últimos 30 anos. Hoje, mais de 400 milhões de crianças vivem em zonas de vulnerabilidade hídrica elevada ou extremamente elevada”, é acrescentado.
Como parte da Ação Humanitária para as Crianças (Humanitarian Action for Children), a Unicef planeia alcançar no próximo ano 7,2 milhões de crianças com tratamento para subnutrição aguda grave; 62,1 milhões de crianças com vacinação contra o sarampo; 53,4 milhões de pessoas com acesso a água potável; 27,9 milhões de crianças e prestadores de cuidados com acesso a serviços de saúde mental e apoio psicossocial.
Está ainda previsto o apoio a 21,3 milhões de crianças e mulheres vítimas de violência de género, através de acções de mitigação ou prevenção de risco ou respostas de intervenção; 51,9 milhões de pessoas através da criação de canais seguros e acessíveis, junto de trabalhadores humanitários, para a denúncia de exploração e abuso sexual; 77,1 milhões de crianças com educação formal ou não formal, incluindo a aprendizagem precoce; e 23,6 milhões de agregados familiares a necessitar de assistência financeira.
Comentários