“Estamos a trabalhar em estreita colaboração com os Estados-membros e a OMS [Organização Mundial da Saúde, delegação da] Europa para criar centros de triagem diretamente na fronteira para que seja possível acelerar as transferências dos doentes [que chegam aos] Estados-membros mais afetados”, disse hoje a comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides.

Intervindo no arranque do Conselho de Ministros da Saúde da UE sobre a situação humanitária e sanitária na Ucrânia, a comissária acrescentou ser também necessário “prestar atenção à cobertura vacinal para doenças evitáveis, especialmente para crianças, tais como tuberculose, poliomielite e sarampo”.

Apontando que os esforços da Autoridade de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA) da UE para assegurar vacinas infantis e outras provisões médicas “estão agora a dar frutos”, Stella Kyriakides divulgou ter sido já possível assegurar “200 mil doações de vacinas contra a difteria e o tétano da Sanofi para a Ucrânia e outras cerca de 70 mil irão para a República Checa, Eslováquia e Moldávia através do Mecanismo de Proteção Civil da União”.

“Mas é claramente necessário mais e temos de estar preparados para o médio prazo, [pois], para além dos controlos básicos de saúde, temos de garantir que os refugiados recebem os cuidados de saúde de que necessitam”, salientou a comissária europeia da tutela, assinalando que “os sistemas nacionais de saúde tenham capacidade suficiente para os absorver”.

De momento, 10 mil camas foram disponibilizadas em hospitais de Estados-membros da UE para doentes que vêm da Ucrânia, no âmbito das quais “cerca de 16 pacientes foram transferidos até à data e o ritmo está a aumentar”, adiantou Stella Kyriakides.

Relativamente ao apoio financeiro, principalmente para os países da UE junto à Ucrânia, a responsável garantiu que este “é um dado adquirido”.

“Anunciámos um pacote de apoio de emergência no valor de 500 milhões de euros para atividades de resposta que lidem com as consequências humanitárias e, através dos nossos fundos dos Assuntos Internos, podemos também desbloquear 420 milhões de euros em apoio adicional”, referiu a responsável.

Além disso, os Estados-membros têm “máxima flexibilidade para utilizar os recursos não gastos no âmbito da nossa política de coesão de 2014-2020 para apoiar ações”, adiantou Stella Kyriakides.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.

A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.