28 de janeiro de 2014 - 12h42
Trinta individualidades, entre as quais o “pai” do Serviço Nacional de Saúde, a investigadora Raquel Varela e o músico Pedro Abrunhosa, subscreveram uma carta contra os “despedimentos” na Linha de Saúde 24 que classificam de “um ataque à democracia”.
No documento, os subscritores lembram que a Linha Saúde 24 é um serviço que “disponibiliza um aconselhamento rápido e qualificado, permitindo o melhor funcionamento do sistema público no seu conjunto e permite dotar os cidadãos de ferramentas importantes para o auto-cuidado e decisão acertada”.
“É reconhecido como exemplo na capacidade de triagem e encaminhamento, atenuando a pressão sobre os serviços de urgência”, prosseguem os subscritores, como Ana Campos, diretora do serviço de obstetrícia da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), o realizador António-Pedro Vasconcelos ou o médico Artur Ramon Rocha de La Feria.
O historiador Fernando Rosas, o escritor José Luís Peixoto e o investigador e professor universitário Manuel Carvalho da Silva são outros dos subscritores do documento.
Na carta lê-se que “a situação que ocorre neste momento na Linha Saúde 24 representa um regresso ao passado, inviabilizando o funcionamento do SNS pela vontade de uma administração privada que não respeita os direitos dos enfermeiros, quer enquanto trabalhadores, quer enquanto cidadãos, punindo a sua tentativa de organização e defesa como se essa fosse um crime”.
“É urgente defender a democracia, defendendo para isso as pessoas que trabalham na Linha Saúde 24”, prosseguem os subscritores.
Os autores lembram que desde dezembro de 2013 que existe na LCS (empresa que gere a linha) “um conflito laboral resultante de uma tentativa de redução salarial entre os 40-45 por cento por parte da concessionária deste serviço” que “foi amplamente rejeitada”.
“No passado dia 04 de janeiro os trabalhadores da Linha Saúde 24 realizaram um dia de paralisação, com uma adesão quase total e, uma semana e meia depois, a administração da empresa despediu sumariamente 16 trabalhadores, sem aviso prévio nem justificação”, prosseguem.
Segundo a carta subscrita pelas 30 individualidades, “estes 16 despedimentos não foram inéditos, e anunciaram-se mais retaliações, perfazendo já mais de 115 pessoas dispensadas”.
“Esta ação da administração da empresa é um ataque não apenas a estes trabalhadores, mas a toda a cidadania, e uma ameaça à democracia, porque viola o direito à livre expressão e organização”, acusam.
SAPO Saúde com Lusa