Três em cada dez portugueses sofrem de dor crónica e a ausência de tratamento pode custar cerca de três mil milhões de euros por ano, segundo estimativas da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED).
Nas contas feitas pelo presidente da APED, Duarte Correia, foram contabilizadas as pessoas que tinham dores três meses após o fim da causa que lhe tinha dado origem. Resultado: "Em Portugal, mais de 30 por cento da população sofre de dor crónica, ou seja, são cerca de três milhões de portugueses".
O não tratamento da dor sai mais caro ao Estado, garante Duarte Correia, lembrando que estes trabalhadores têm de se deslocar mais frequentemente ao médico, faltam mais ao trabalho, apresentam mais baixas e muitos reformam-se precocemente.
“A dor crónica é uma epidemia silenciosa. É uma situação grave do ponto de vista de saúde, sobretudo porque os seus custos diretos e indiretos são elevados. Estamos a falar de uma situação que envolve cerca de 30 por cento da população portuguesa e cujos custos de não a tratar rondam os três mil milhões de euros”, resumiu.
Um outro estudo realizado por um professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) apresenta custos mais baixos. De acordo com estimativas do investigador Miguel Gouveia, o custo monetário para a perda de produção devido à dor crónica representa 0,43 por cento do PIB estimado para 2010.
Segundo as contas do professor universitário, os custos indiretos da dor crónica ascendem aos 740 milhões de euros, resultantes do absentismo gerado pela incapacidade de curto prazo, e redução do volume de emprego por reformas antecipadas e outras formas de não participação no mercado de trabalho.
O presidente da APED garante que os números não são contraditórios, uma vez que o estudo do professor da UCP “refere-se especificamente às lombalgias e às articulações”.
O “Impacto Social e Económico da Dor” será debatido na sexta-feira em Oeiras num simpósio que conta com a presença de especialistas da área da saúde.
Duarte Correia lembra que algumas das metas do Plano Nacional da Luta Contra a Dor foram "atingidas e outras estão um pouco aquém. Nos últimos 20 anos, o panorama nacional mudou muito, mas ainda temos um caminho longo e árduo a percorrer”.
Para Duarte Correia existem algumas mudanças urgentes como criar uma rede de referenciação para a medicina da dor, aumentar o número de Unidades de Tratamento da Dor, apostar na formação e aumentar o número de profissionais de saúde nesta área.
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