O presidente do Hospital de São João (HSJ), no Porto, considerou hoje "muito importante que haja uma abordagem pública" que possa garantir o "acesso de todos" às células estaminais do cordão umbilical.

Em declarações à agência Lusa, António Ferreira é de opinião que, nesta matéria, não deve haver apenas uma resposta privada, "em que uma parturiente, com toda a legitimidade, compra um serviço a um privado e garante o acesso às células estaminais do seu cordão umbilical".

"Isso é legítimo, mas é muito importante que haja uma contraparte pública que possa garantir o acesso de todos a este tipo de tecnologias", acrescentou o mesmo responsável.

António Ferreira falava à entrada para uma conferência sobre o Serviço Nacional de Saúde, que o Clube Alameda promoveu esta noite, no Porto.

O Hospital de São João assina esta sexta-feira uma parceria com o banco público de sangue do cordão umbilical, Lusocord, que António Ferreira encara com "grande entusiasmo" e com a "profunda convicção" de que será muito benéfico para a população.

O presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação revelou hoje que o banco público de sangue do cordão umbilical vai retomar em breve a sua atividade e que o protocolo com a primeira maternidade será assinado sexta-feira.

Hélder Trindade explicou que deve encarar-se esta reabertura com "toda a naturalidade", alegando que a intenção nunca foi encerrar definitivamente o banco de recolha.

O banco público de sangue do cordão umbilical, que tinha passado para a tutela do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) em agosto e que encerrou um mês depois, após terem sido detetadas irregularidades na gestão e nos procedimentos de recolha, retomará as atividades normais em breve, porque está agora garantida a "segurança e a qualidade do serviço futuro".

Na conferência que deu esta noite, António Ferreira falou do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que considera estar "falido pelo menos desde 2007".
Apesar disso, disse ter "a fortíssima convicção de que é possível melhorar a qualidade e a quantidade da produção do SNS com muito menos dinheiro".

Para António Ferreira, "em Portugal, na área da saúde, o setor privado vive, em grande parte, pendurado no financiamento do setor público", por exemplo através dos "subsistemas".

O presidente do HSJ defendeu que deve "haver uma separação de águas" entre o público e o privado, devendo o primeiro "reformar-se no sentido de aumentar a produtividade e melhorar a qualidade".

"Isso é totalmente possível, mesmo num ambiente de crise, e ainda é mais desejável num ambiente de crise e de escassez de recursos financeiros", reforçou António Ferreira.

7 de dezembro de 2012

@Lusa