A autoridade sanitária do Brasil anunciou hoje que suspendeu os ensaios clínicos da vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, contra o novo coronavírus, após um incidente "grave" com um voluntário.
O efeito grave em questão foi a morte de um voluntário de 33 anos, de São Paulo, no dia 29 de outubro, que não estava infetado com o novo coronavírus, escreve a Folha de São Paulo.
Segundo a rádio CBN, não foi informada, ainda, a causa da morte do participante da pesquisa. A Anvisa vai montar um comité para analisar o caso.
A Folha de São Paulo escreve que as autoridades de São Paulo já se pronunciaram sobre o caso, afirmando que a morte do voluntário não está relacionada com o ensaio clínico. No entanto, não existem dados públicos sobre o caso, estando ainda por esclarecer se o voluntário recebeu uma dose de placebo ou do imunizante em estudo.
Em comunicado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ontem que decidiu interromper o ensaio clínico da vacina Coronavac "após a ocorrência de um evento adverso grave", em 29 de outubro.
A Anvisa não deu mais informações sobre o incidente, referindo apenas que a categoria de "evento adverso" pode incluir a morte, efeitos secundários potencialmente fatais, incapacidade ou invalidez persistente ou significativa, hospitalização ou outro "evento clinicamente significativo". "Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado", precisou a agência, acrescentando que vai "avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade" dos testes.
Laboratório chinês já reagiu
O laboratório chinês Sinovac Biotech manifestou-se hoje confiante na segurança da sua vacina experimental contra a covid-19, apesar da suspensão de um ensaio clínico no Brasil após um "incidente grave". “Estamos confiantes na segurança da vacina”, disse a Sinovac em comunicado, afirmando que o incidente em questão “não está relacionado” com a vacina.
A suspensão dos ensaios clínicos da Coronavac, que envolve nove mil voluntários, ocorreu um dia depois de o gigante farmacêutico norte-americano Pfizer anunciar que a sua vacina contra a covid-19 alcançou 90% de eficácia nos testes.
As vacinas candidatas da Pfizer e Sinovac estão em ensaios da Fase 3, a última fase antes de receberem aprovação regulamentar. Ambas estão a ser testadas no Brasil, o segundo país mais afetado pela pandemia, com mais de 162.000 mortes.
Vacina testada em várias partes do mundo
A Coronavac, que está igualmente a ser testada na China, Turquia, Bangladesh e Indonésia, tem sido objeto de uma batalha política no Brasil entre um dos seus maiores apoiantes, o governador de São Paulo, João Doria, e o seu principal adversário político, o presidente Jair Bolsonaro, que em outubro proibiu a sua compra.
O chefe de estado referiu-se à vacina da Sinovac como sendo proveniente "daquele outro país" e, em vez disso, promoveu a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a empresa farmacêutica britânica AstraZeneca.
O Governo de São Paulo aliou-se à Sinovac para coordenar a última fase dos ensaios clínicos em território brasileiro, e assinou um contrato que incluiu a aquisição e distribuição de 46 milhões de doses da vacina.
Bolsonaro, que se mostra cético em relação à gravidade da pandemia e se declara anticomunista, também determinou que a COVID contra a covid-19, que já causou quase 156 mil mortes e mais de 5,3 milhões de infetados no Brasil, não será obrigatória.
Toda a situação gerou uma forte polémica no país e transformou a distribuição da futura vacina numa batalha altamente politizada entre o chamado “Bolsonarismo” e a oposição, tanto conservadora quanto de esquerda.
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