“O Sindicato está muito preocupado com a assistência que as pessoas de Leiria vão ter na Pediatria”, afirmou à agência Lusa o secretário regional do SIM/Centro, José Carlos Almeida.
A reunião surge na sequência de médicos da Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) terem exigido o fecho da urgência pediátrica no período noturno e do bloco de partos, e pedido que não seja aceite a atividade obstétrica do Hospital de Caldas da Rainha.
Num abaixo-assinado ao qual a agência Lusa teve acesso na terça-feira, a equipa médica do serviço de Pediatria do CHL exigiu, quando nos turnos haja indisponibilidade de elementos para escala e fique apenas um pediatra, o encerramento da urgência pediátrica “a todas as admissões externas”, a partir das 20:00, “de forma a garantir os cuidados adequados e em condições de segurança para os doentes internados”.
Os médicos pediram ainda o fecho do bloco de partos, dado “não ser possível assegurar a assistência aos partos distócicos ou a qualquer emergência de reanimação neonatal”.
Defenderam também que “todas as grávidas com condições de transferência” devem ir para outras unidades hospitalares.
Os 30 médicos exigiram também que não seja aceite o desvio para o CHL da atividade assistencial do serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) da maternidade do Hospital das Caldas da Rainha.
Segundo José Carlos Almeida, “os médicos pediatras já cumpriram quase todos as 150 horas extra [anuais] a que estão obrigados por lei”, destacando que “o aumento do número de partos no hospital de Leiria é excecional”.
“Em junho de 2022, foram 122 partos e em junho de 2023 estamos a falar em mais de 220 partos”, adiantou, frisando que os partos não necessitam apenas de obstetras e de enfermeiros.
O secretário regional do SIM/Centro assinalou que os partos “também necessitam de pediatras para assegurar não só a neonatologia, o berçário e qualquer situação de emergência que possa surgir”, e adiantou que a unidade hospitalar tem igualmente enfermaria de Pediatria, unidade de internamento de curta duração, “internamento para situações especiais” ou apoio à urgência.
“Com o número de pediatras de que dispõe e a sobrecarga de trabalho, [os pediatras] já estão a trabalhar atualmente no limite”, realçou.
Quanto às escalas, o responsável do SIM/Centro adiantou que para agosto, “neste momento, há cerca de 30 buracos na escala para especialistas [considerando turnos de 12 horas] e 13 ou 14 buracos na escala referente aos internos”.
José Carlos Almeida adiantou que o CHL “pediu ajuda ao SIM e aos pediatras para que a urgência pediátrica não feche”.
Na terça-feira, o CHL considerou não haver motivo de alarme apesar da “constante pressão” sobre as equipas.
“O conselho de administração do CHL garante que não há motivo de alarme para as populações a quem dá resposta, apesar da constante pressão pública sobre as equipas, e tem mantido o diálogo interno e externo, inclusivamente com a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, que tem acompanhado a situação de perto”, lê-se numa resposta escrita da unidade hospitalar à agência Lusa.
O conselho de administração garantiu que “a resposta às necessidades dos utentes do serviço de Ginecologia/Obstetrícia e da urgência pediátrica tem sido assegurada, como habitualmente”, esclarecendo que a escala deste mês da “urgência pediátrica está completa e estão a ser finalizadas as escalas dos meses seguintes”.
Manifestando “o seu profundo agradecimento às equipas de profissionais”, o conselho de administração afirmou compreender “a manifestação de preocupação dos profissionais de pediatria pela falta de clínicos”.
A unidade de Leiria esclareceu ainda que “o acordo com o Centro Hospitalar do Oeste, com o reforço e integração de profissionais de saúde da área de Ginecologia/Obstetrícia nas escalas do CHL, tem decorrido dentro da normalidade”, assegurando que o conselho de administração e “as respetivas direções dos serviços envolvidos têm monitorizado diariamente o seu funcionamento”.
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