Numa posição escrita enviada à agência Lusa, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirma ter ficado “desapontado com as expectativas criadas e a propaganda à volta de um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde”.
Roque da Cunha elenca vários motivos para esse desapontamento, um dos quais o montante que terá de servir para pagar dívidas de entidades do SNS.
“Dos 800 milhões, 400 milhões são para pagar dívida do primeiro governo de António Costa que se estima ser próxima de 3.000 milhões”, indica o secretário-geral do SIM.
Roque da Cunha lamenta ainda que dos 190 milhões de investimento plurianual apenas quatro milhões de euros sejam para investimento em cuidados de saúde primários: “Dá menos de 2.000 euros por edifício”.
Em relação a medidas de incentivo a profissionais, o SIM manifesta desapontamento pelo facto de o Governo tentar “impor um modelo de pagamento que apenas servirá para uns nichos hospitalares”, em vez de anunciar um processo negocial para alterar grelhas salariais.
Os dois sindicatos médicos – SIM e Federação Nacional dos Médicos (FNAM) – estiveram reunidos para analisar o panorama atual da saúde na terça-feira, antes portanto dos anúncios feitos hoje pelo Governo.
Num comunicado hoje divulgado a propósito dessa reunião, a FNAM e o SIM alertam para a “sistemática degradação dos serviços de saúde” que contribui para a “deserção dos médicos do SNS”.
“Acreditamos que a crise do SNS pode ser ultrapassada, mas apenas com medidas sustentáveis, a longo prazo, que incluam uma adequada gestão de recursos humanos”, refere a nota.
Os sindicatos médicos reclamam remunerações “justas e adequadas”, a opção pelo regime de trabalho em exclusividade no setor público e a melhoria das condições de trabalho.
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