“O Hospital Beatriz Ângelo está a bloquear a agenda dos médicos, obrigando à marcação exclusiva de primeiras consultas e impedindo a marcação de consultas subsequentes durante 30 dias por ano, caso se preveja que o número total de primeiras consultas seja inferior ao contratualizado anualmente com o Ministério da Saúde”, explicou à Lusa João Proença, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.
Contactada pela Lusa, a administração do Hospital de Loures remeteu uma resposta para mais tarde.
De acordo com João Proença, esta situação no Hospital de Loures, que é uma Parceria Público-Privada (PPP), acontece há muito tempo.
“A gestão do hospital tem imposto aos médicos bloquear as segundas consultas. As pessoas querem marcar segundas consultas dos doentes que foram vistos e não conseguem porque os administrativos impedem de acontecer”, disse.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul, indicou João Proença, só agora conseguiu “fundamentação clara e óbvia e necessária para a denúncia sem que seja criado um problema que não seja verdadeiro”.
Para o Sindicato, trata-se “de uma manobra na qual a Administração da PPP, por motivos económicos, impõe a realização de primeiras consultas aos médicos, desrespeitando os critérios clínicos, ao contrário do que aconselhariam os bons cuidados em saúde”.
“A PPP de Loures está contratualmente obrigada a que, pelo menos, um terço do total de consultas realizadas sejam primeiras consultas, sob pena de, se não o cumprir, ficar sujeita a multas. É de referir que as primeiras consultas são melhor remuneradas pelo Estado para a Sociedade Gestora do Hospital de Loures, pertencente ao Grupo Luz Saúde, do que as consultas subsequentes”, realçou.
Segundo João Proença, independentemente do número de consultas realizadas, a regra do “bloqueio” das agendas médicas aplica-se a todas as especialidades, mesmo aquelas que previsivelmente cumpram o contratualizado, para que possam colmatar ‘a falta’ de outros serviços”.
No entendimento de João Proença, com esta situação fica posta em “causa a qualidade dos cuidados de saúde e a segurança dos utentes, uma vez que o intervalo entre consultas pode tornar-se excessivamente longo”.
“Assim, já fizemos chegar uma denúncia desta prática à administração da PPP e vamos pedir ao Ministério da Saúde uma auditoria. Queremos ainda pedir a atenção dos partidos políticos para este assunto”, concluiu.
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