Como é ser sobrevivente de um cancro pediátrico em Portugal? Qual a importância da saúde oral durante e pós tratamento? Qual o papel saúde mental de toda a família? Como está a investigação em oncologia pediátrica?

Estas serão algumas questões em debate no 8º Seminário de Oncologia Pediátrica, uma iniciativa da Fundação Rui Osório de Castro (FROC), que decorre no próximo dia 12 de fevereiro, das 09h30 às 17h00, pelo segundo ano em formato online, com a moderação de Fernanda Freitas.

Pais, familiares, cuidadores ou amigos de crianças e adolescentes com cancro, mas não só, todos os que de alguma forma se interessam sobre estes temas, podem inscrever-se aqui e assistir, de forma gratuita, ao seminário.

“Num momento em que só se fala de covid-19, há algo que nos continua a preocupar e da qual estou certa: em Portugal continuamos a ter todos os dias, pelo menos, uma família confrontada com o diagnóstico de cancro de um filho. São cerca de 400 casos diagnosticados todos os anos. Um caso diagnosticado envolve sempre toda a família. Famílias estas que, em tempo de pandemia, se encontram ainda mais vulneráveis e preocupadas com o bem-estar dos seus filhos. É para estas famílias que estamos a trabalhar hoje, e que vamos continuar a trabalhar” começa por explicar Cristina Potier, diretora-geral da FROC.

“É a necessidade de informar e esclarecer estas famílias que nos leva a organizar estes seminários anualmente com um grande objetivo: esclarecer, através de profissionais e peritos credíveis, e através de partilha de testemunhos.”

O primeiro grande tema em destaque no seminário é “Ser sobrevivente em Portugal”. Este será um painel que conta com a presença de Tiago Costa, Patient Advocate na Acreditar, Ana Teixeira, Médica Pediatra no Serviço de Pediatria do IPOFG Lisboa, e de Inês Domingos com o seu testemunho.

“Neste painel são vários os contributos que vão explicar e analisar como é viver e como é feito o acompanhamento do pós doença em Portugal. “Porque a realidade do cancro pediátrico não termina com a cura”, acrescenta Cristina Potier.

“Saúde oral, durante e pós tratamento” é o segundo tema em destaque e, como explica Cristina Potier: “A saúde oral é muitas vezes negligenciada no Sistema Nacional de Saúde. Sendo o cuidado com a saúde oral para as famílias mais carenciadas muitas vezes esquecidos. Mas não deve ser assim, porque é durante a infância e adolescência que os cuidados orais devem ser maiores, especialmente nestes grupos mais fragilizados.

É muito comum, por exemplo, surgirem durante a quimioterapia e radioterapia mucosites e é preciso identificá-las e tratá-las corretamente. Para debater este tema foi convidada a Patrícia Correia, Médica Dentista Odontopediatra e Professora Auxiliar da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade Católica Portuguesa, e Joana Rebelo, Médica Pediatra na Unidade de Oncologia Pediátrica do Centro Hospitalar de São João a explicar como este tema é tratado no Centro de Referência de que faz parte.

O terceiro tema a ser abordado é “Saúde mental em oncologia pediátrica”. Um painel que terá a presença de Maria de Jesus Moura, Diretora Serviço Psicologia IPOFG Lisboa, e Catarina Garcia Ribeiro, Pedo-Psiquiatra no Hospital D. Estefânia e o testemunho de uma mãe.

Cristina Potier acrescenta que “perante um diagnóstico de doença oncológica toda a família é afetada e muitas vezes pode ser necessário acompanhamento psicológico. Durante a pandemia e perante às diversas restrições existentes esta questão torna-se ainda mais urgente."

Por último, haverá ainda tempo para falar dos “Novos tratamentos e investigação na área de oncologia pediátrica”, com Manuel Brito, Diretor Serviço Oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra, e Isabel Oliveira, em representação da Agência De Investigação Clínica e Inovação Biomédica.

No decorrer do seminário serão apresentados os vencedores e menções honrosas, da 6ª edição do Prémio Rui Osório de Castro/Millennium BCP, que apoia, com o valor de 15.000€, projetos que promovem a melhoria dos cuidados prestados a crianças com doença oncológica.

“É um seminário aberto a todos pois, apesar do programa ser sempre criado a pensar nas famílias, qualquer pessoa poderá participar, como voluntários, estudantes, profissionais de saúde, assistentes sociais e profissionais de outras organizações sociais que trabalham na área” termina a diretora-geral da FROC.