Utentes das extensões de saúde de Alpiarça, Benavente e Vale de Cavalos, no concelho da Chamusca, manifestaram-se pela reposição de medidas que salvaguardem a prestação de cuidados primários naqueles concelhos.

Inseridos no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria II e com 116 mil utentes, aquele ACES agrupa seis municípios distribuídos por uma área de três mil quilómetros quadrados.

Domingos David, porta-voz destes utentes, disse à Lusa que as concentrações visaram chamar a atenção do Governo para que este "adote medidas sensatas e humanas que salvaguardem a prestação de cuidados primários" nestes concelhos.

Em Alpiarça, onde os residentes colocaram faixas reclamando mais médicos, a população está receosa de começar o novo ano com menos dois médicos cubanos.

"O contrato deles caduca no fim deste mês e não existe nenhuma garantia de que venham a ser rendidos", afirmou Domingos David.

Segundo o mesmo responsável, no concelho de Benavente decorreu ontem ao final da tarde uma concentração e vigília que reuniu "algumas dezenas" de pessoas", alertando para o perigo de encerramento das extensões de saúde de Porto Alto e de Santo Estêvão, e o Serviço de Atendimento Permanente (SAP).

"Se tais encerramentos se concretizarem o Centro de Saúde de Benavente entrará em rutura funcional com mais de 11.000 utentes sem médico de família e sem SAP onde recorrerem para as consultas de recurso".

Ontem à tarde, em Vale de Cavalos, Chamusca, algumas pessoas colocaram faixas contra o encerramento da respetiva extensão de saúde, alegando que o concelho "pode já ter perdido um médico costa-riquenho", que foi passar o Natal a casa e que terá declarado não tencionar regressar.

A coordenadora do ACES Lezíria II, Luísa Portugal, reconheceu à Lusa que a situação atual não é a melhor para os utentes, mas assegurou que, apesar da escassez de recursos humanos, - "precisava de mais uns 20 médicos"-, nenhum centro ou extensão de saúde vai encerrar naqueles três concelhos.

"Em Benavente trabalhamos com uma empresa prestadora de serviços e até dia 31 de julho os cuidados de saúde estão assegurados", afirmou, tendo acrescentado que o problema também não se coloca em Alpiarça.

"O contrato celebrado com os dois médicos cubanos só acaba em agosto do próximo ano, e por aí também não há problema", vincou.

Em Santo Estêvão e na Chamusca o regime de trabalho é na base das horas extraordinárias, continuou, tendo referido que "após denuncia contratual" do médico ali colocado a medida foi de imediato assumida, repartindo-se as horas de serviço por todos os profissionais que ali prestam serviço.

"Em Vale de Cavalos o médico começará a exercer na segunda-feira, sob o mesmo figurino, se os danos provocados por atos de vandalismo naquela extensão de saúde estiverem reparados, nomeadamente ao nível informático", concluiu.

30 de dezembro de 2011

@Lusa