A SPR afirma que já alertou para esta situação numa carta enviada ao ministro da Saúde, denunciando um problema que considera grave, “não só do ponto de vista ético, mas também jurídico, no que respeita aos cuidados de saúde prestados nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.

Segundo a SPR, há centenas de doenças do foro reumatológico, por exemplo, que estão a ser encaminhadas para as chamadas “consultas de doenças autoimunes” quando deveriam ser abordadas por médicos de Reumatologia.

15 coisas que nos tiram anos de vida
15 coisas que nos tiram anos de vida
Ver artigo

“No contexto dessas consultas de doenças autoimunes são tratadas essencialmente patologias cujo acompanhamento deveria ser assegurado por médicos de outras especialidades”, prossegue o comunicado.

A SPR requer “uma atuação célere e eficaz para resolver um grave problema que assola o SNS e que prejudica, não apenas os médicos especialistas que veem as suas funções usurpadas por médicos de Medicina Interna, mas também, e principalmente, quem sofre de patologias autoimunes”.

Em Portugal, estima-se que haja cerca de 5,9 milhões de portugueses com doença reumática e que a dor crónica custe mais de 4.600 milhões de euros por ano, segundo dados da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Em causa está o correto acompanhamento dos doentes

De acordo com a Sociedade, “no contexto dessas consultas de doenças autoimunes são tratadas essencialmente patologias cujo acompanhamento deveria ser assegurado por médicos de outras especialidades”.

“Várias dessas patologias são do foro reumático, ainda que de etiologia autoimune, designadamente: artrite reumatoide, artrite idiopática juvenil, diversas espondilartropatias – como a espondilite anquilosante, a artrite psoriática e a artrite enteropática –, lúpus eritematoso sistémico, esclerose sistémica progressiva (esclerodermia), síndrome de Sjögren e doença de Behçet”, lê-se na carta enviada a Adalberto Campos Fernandes.

A SPR classifica de “imperativo” o fim das consultas de doenças autoimunes, “pelo menos tal como as mesmas são hoje configuradas em vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde”.

“Tais consultas, sendo asseguradas exclusivamente por médicos especialistas em Medicina Interna, colocam em causa a lógica de diferenciação de saberes que subjaz à medicina contemporânea, comprometendo a saúde dos doentes e os seus direitos mais elementares”, prossegue a SPR.