17 de outubro de 2013 - 13h24
O coordenador da Comissão Científica da Alzheimer Portugal defendeu hoje a necessidade de as pessoas estarem mais atentas aos sinais da doença não só para que seja diagnosticada a tempo, mas também para que sejam tomadas “as providências necessárias”.
“É preciso que a doença seja diagnosticada a tempo para que depois se tomem as providências necessárias, não só em relação ao tratamento, mas também para que se tomem outras decisões importantes que têm que ver com o próprio doente e com os cuidadores e a família”, disse o neurologista.
Celso Pontes falava à Lusa a propósito da Conferência Alzheimer Portugal, que se realiza sexta-feira no Centro de Congressos da Ordem dos Médicos, no Porto, para assinalar os 25 anos da associação.
“Quem lida habitualmente com os problemas destes doentes verifica que as famílias e os cuidadores ficam perplexos com a situação de dependência de uma pessoa que até ali tinha capacidades cognitivas e era capaz de resolver os seus assuntos. E essa perplexidade leva a que as pessoas não saibam efetivamente o que fazer”, sustentou.
Assim, o neurologista apela às pessoas “no sentido de estarem atentas, não alarmadas, mas atentas”.
“Sempre que se aperceberem que um dos seus próximos que até então demonstrava grandes capacidades e que a pouco e pouco começa a ter dificuldades de memória, desinteresse pelas coisas, que anda aparentemente mais deprimido e mais irritável, devem procurar apoio médico. Não devem confiar que estes problemas de declínio cognitivo são apenas relacionados com a idade”, sublinhou.
O especialista referiu que “a idade, só por si, não justifica isso, é de facto um fator de risco, mas não é a idade que determina. O caso deve ser sempre investigado e avaliado para tentar determinar qual a causa. Há várias causas e uma das mais importantes é a doença de Alzheimer”.
Celso Pontes defendeu ainda a necessidade de investir na criação de “respostas locais” para ajudar estes doentes e os seus cuidadores.
Da mesma maneira que “existem infantários para os bebés, também são precisas estruturas para este tipo de pessoas. É uma maneira de as ajudar e uma maneira também de libertar outra população ativa que tem de cuidar deles, no caso, os familiares”, disse o neurologista.
“E embora hoje em dia haja muitíssimas mais respostas, a ideia é que ainda é preciso muito mais, porque era quase necessário que em todas as terras existissem respostas locais para ajudar estas pessoas”, frisou.
A Alzheimer Portugal foi fundada em 1988 com o objetivo de promover a qualidade de vida dos doentes, dos seus familiares e cuidadores, contando atualmente com cerca de dez mil associados. Tem sede em Lisboa e delegações em Matosinhos, Pombal, Funchal e Almeirim e, ainda, um gabinete em Coimbra e em Aveiro.
A Doença de Alzheimer provoca a neurodegeneração e o consequente agravamento, progressivo e irreversível, das funções cerebrais culminando na total perda de autonomia.
Os sintomas iniciais da doença incluem perda de memória, desorientação espacial e temporal, confusão e problemas de raciocínio e pensamento, provocando alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.
Estima-se que, em Portugal, mais de 90 mil pessoas sofrem desta doença que atinge, maioritariamente, pessoas com mais de 65 anos.
Lusa