9 de abril de 2014 - 12h45

As reações alérgicas graves potencialmente fatais (anafilaxia)
provocadas por alergia alimentar estão a crescer na população mais
jovem, estimando-se que cerca de 150 mil portugueses padeçam deste
problema.

Dados hoje fornecidos à Lusa pela Sociedade Portuguesa
de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) referem que, apesar de
consideravelmente subdiagnosticada, os dados epidemiológicos mostram uma
incidência de anafilaxia na Europa entre 1,5 a 8 por 100.000
pessoas/ano, com um aumento dos casos nos últimos 20 anos.

“A
anafilaxia, que passou a ser de notificação obrigatória em Portugal em
2012, é ainda mal diagnosticada e subtratora entre nós colocando em
risco 0,5 a 1,5% da população portuguesa (até 150.000 portugueses) sendo
que, abaixo dos 18 anos, os alimentos são a sua principal causa”,
considerou o presidente da SPAIC, Luís Delgado.

Segundo este
responsável, o Catálogo Português de Alergias e outras Reações Adversas,
desenvolvido com a colaboração de membros da SPAIC, permite registar e
partilhar informação destas reações em todo o sistema de saúde
português.

Este é um dos temas que serão abordados sexta-feira na
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), num curso de
Alergia Alimentar organizado em colaboração com a Faculdade de Ciências
da Nutrição da UP e o Hospital S. João, com o patrocínio científico da
SPAIC.

A palestra denominada “O Essencial sobre a Alergia
Alimentar”, que irá decorrer no Auditório do Centro de Investigação
Médica (CIM) da FMUP, entre as 18:00e as 19:00, é destinada a pais e
educadores. O seu principal objetivo consiste em informar e esclarecer
dúvidas sobre sintomas e cuidados a ter nos casos de reação alérgica.

Segundo
a organização da iniciativa, o número de crianças com alergias
alimentares tem vindo a aumentar nos últimos anos e resulta de uma
combinação de fatores hereditários e ambientais.

Assim, a falta
de exercício físico, o aumento da poluição atmosférica e do fumo do
tabaco, as alterações dos regimes alimentares e a obesidade incrementam a
possibilidade de surgirem este tipo de complicações. As alergias mais
frequentes são à proteína do leite de vaca e à do ovo. Alergia ao peixe,
trigo, mariscos e frutos secos verificam-se também entre as mais
comuns.

As consequências das reações alérgicas podem revelar-se
fatais pois o contacto com agentes alergénicos pode desencadear um
choque anafilático (reação alérgica muito rápida que implica sintomas
como taquicardia, desmaio e inchaço na zona interna da garganta, com
risco de asfixia), e desta forma levar à morte.

A Academia
Europeia de Alergia e Imunologia Clínica (EAACI) encontra-se atualmente a
trabalhar um novo guia de atuação em anafilaxia com o objetivo de
fornecer à comunidade científica e da área da saúde, recomendações
baseadas na evidência científica sobre o reconhecimento, avaliação e
tratamento dos doentes que apresentaram, apresentam ou estão em risco de
apresentar um quadro de anafilaxia.

Alimentos, medicamentos e
picadas de insetos são as três causas mais prevalentes de reações
alérgicas graves. Enquanto os alimentos são a causa mais comum nas
crianças, medicamentos e venenos de himenópteros (abelha/vespa) são a
causa da maior parte de reações anafiláticas nos adultos, com maior
frequência nas mulheres que nos homens.

O guia de atuação sobre
alergia alimentar e anafilaxia da EAACI será disseminado em junho de
2014, numa iniciativa comum entre a EAACI, organizações de doentes,
sociedades nacionais de alergia de toda a Europa, médicos de cuidados
primários e farmacêuticos.

Lusa